Conteúdo:
O perispírito, que é o corpo fluídico do Espírito, formado a partir dos fluidos etéreos que compõe a atmosfera espiritual de cada globo, possui propriedades que caracterizam a sua natureza fluídica e que possibilitam ao Espírito interagir sobre a matéria.
Recomendamos a leitura preliminar dos textos sobre 1.Conceito e Importância do perispírito e 2.Natureza do
perispírito.
Listamos abaixo as propriedades encontradas nas obras fundamentais do Espiritismo, escritas por Allan Kardec:
Listamos abaixo as propriedades encontradas nas obras fundamentais do Espiritismo, conforme Allan Kardec:
2. Indestrutibilidade
3. Mutabilidade
4. Imponderabilidade
5. Penetrabilidade
6. Odor
e Temperatura
7.
Expansibilidade
8.
Sensibilidade geral
9.
Assimilação magnética
10.
In(visibilidade)/Tangibilidade
11.
Luminosidade
O estudo sobre as propriedades do perispírito será
dividido em duas partes. Neste, abordaremos as seis primeiras propriedades
listadas.
1. FLEXIBILIDADE (PLASTICIDADE)
Uma das mais
interessantes propriedades do perispírito é de poder se apresentar sob
diferentes formas aos encarnados. Vejamos o que Kardec desenvolveu sobre esta propriedade,
os motivos que o Espírito tem para alterar a sua aparência e como o perispírito
possibilita essas mudanças.
O Livro dos Espíritos > Parte segunda - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo III - Da volta do Espírito, extinta a vida corpórea, à vida espiritual > A alma após a morte; sua individualidade. Vida eterna. > 150
“150. A alma, após a morte, conserva a sua individualidade[1]?
Sim; jamais a perde. Que seria ela, se não a conservasse?”
a) – Como constata a alma a sua individualidade, uma vez que não tem mais corpo material?
Continua a ter um fluido que lhe é próprio, haurido na atmosfera do seu planeta, e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu perispírito.”
O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Segunda parte - Das manifestações espíritas > Capítulo I - Da ação dos Espíritos sobre a matéria > 56
“56. Ele tem a forma humana e, quando nos aparece, é geralmente com a que revestia o Espírito na condição de encarnado. (...) a matéria sutil do perispírito não possui a tenacidade, nem a rigidez da matéria compacta do corpo; é, se assim nos podemos exprimir, flexível e expansível, donde resulta que a forma que toma, conquanto decalcada na do corpo, não é absoluta, amolga-se à vontade do Espírito, que lhe pode dar a aparência que entenda, ao passo que o invólucro sólido lhe oferece invencível resistência. (...) o perispírito se dilata ou contrai, se transforma: presta-se, numa palavra, a todas as metamorfoses, de acordo com a vontade que sobre ele atua. Por efeito dessa propriedade do seu envoltório fluídico, é que o Espírito que quer dar-se a conhecer pode, em sendo necessário, tomar a aparência exata que tinha quando vivo, até mesmo com os acidentes corporais que possam constituir sinais para o reconhecerem.”
Ainda em O Livro dos Médiuns, Kardec vai inquirir a São Luís sobre essa questão. O Espírito São Luís, foi o guia espiritual da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritos (SPEE - o primeiro centro espírita, fundado e presidido por Kardec). Assim é o diálogo:
O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Segunda parte - Das manifestações espíritas > Capítulo VI – Das manifestações visuais - 100
“28ª Podem os Espíritos tornar-se visíveis sob outra aparência que não a da forma hmana?
A humana é a forma normal. O Espírito pode variar-lhe a aparência, mas sempre com o tipo humano.”
“a) Não podem manifestar-se sob a forma de chama?
Podem produzir chamas, clarões, como todos os outros efeitos, para atestar sua presença; mas, não são os próprios Espíritos que assim aparecem. A chama não passa muitas vezes de uma miragem, ou de uma emanação do perispírito. Em todo caso, nunca é mais do que uma parcela deste. O perispírito não se mostra integralmente nas visões.”
“30ª Poderiam os Espíritos apresentar-se sob a forma de animais?
Isso pode dar-se; mas somente Espíritos muito inferiores tomam essas aparências. Em caso algum, porém, será mais do que uma aparência momentânea.”
Vejamos o texto da Revista Espírita de dezembro de 1858, onde encontramos uma informação preciosa sobre o perispírito ser flexível e plástico(moldável):
"É talvez a roupagem o que mais intriga; se, entretanto, considerarmos que ela faz parte do envoltório semimaterial, compreenderemos que o Espírito pode dar a esse envoltório a aparência de tal ou qual vestimenta, como a de tal ou qual fisionomia."
A última frase
nos traz também uma informação valiosa a respeito das vestimentas com que os
Espíritos se apresentam, nos possibilitando entender a simplicidade do processo.
Realmente é muito lógico e natural que a roupa seja criada com os próprios
fluidos perispirituais, mediante o desejo e a necessidade que o Espírito tem de
se apresentar, inclusive com sinais exteriores, como vemos no seguinte texto:
“É assim, por exemplo, que um Espírito se apresenta à vista de um encarnado dotado de visão psíquica, sob a aparência que ele tinha quando vivo, na época em que o conheceram, embora depois tivesse tido várias encarnações. Ele se apresenta com a vestimenta, os sinais exteriores ─ enfermidades, cicatrizes, membros amputados etc. ─ que tinha então; um decapitado apresentar-se-á sem a cabeça. Isto não quer dizer que tenha conservado estas aparências. Certamente não, porque, como Espírito, ele não é coxo, nem maneta, nem caolho, nem decapitado, mas seu pensamento, reportando-se à época em que ele era assim, seu perispírito toma instantaneamente as aparências, que ele deixa instantaneamente, a partir do momento que o pensamento deixa de agir. Se, pois, uma vez ele foi negro e outra vez foi branco, apresentar-se-á como negro ou como branco, conforme aquela das duas encarnações sob a qual for evocado, e à qual se reportará seu pensamento.”
Preciosa informação! Todas as aparências que o Espírito impõe ao seu perispírito desaparecem tão logo seu pensamento deixa de atuar nesse propósito.
2. INDESTRUTIBILIDADE
Essa propriedade do perispírito merece reflexão cuidadosa.
Conforme a questão 83
de O Livro dos Espíritos, sabemos que os Espíritos não têm fim, ou seja, são
imortais. No texto sobre conceito e importância do perispírito
foi estudado que a alma necessita do seu perispírito como instrumento para agir
na matéria, para perceber as sensações exteriores do mundo material e
espiritual e para transmitir seu pensamento ao corpo ou a outros Espíritos.
Assim, se a alma é imortal e necessita sempre do seu perispírito para interagir
no Universo, somos induzidos a concluir que o perispírito é seu corpo
imperecível.
Vejamos em Kardec se esse raciocínio está correto:
O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Segunda parte - Das manifestações espíritas > Capítulo I - Da ação dos Espíritos sobre a matéria > 55
55. Hão dito que o Espírito é uma chama, uma centelha. Isto se deve entender com relação ao Espírito propriamente dito, como princípio intelectual e moral, a que se não poderia atribuir forma determinada. (...) De sorte que, para nós, a ideia de forma é inseparável da de Espírito e não concebemos uma sem a outra. O perispírito faz, portanto, parte integrante do Espírito, como o corpo o faz do homem.
9. Quando a alma está unida ao corpo, durante a vida, ela tem duplo invólucro: um pesado, grosseiro e destrutível — o corpo; o outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito.
A alma não se reveste do perispírito apenas no estado de Espírito; ela é inseparável desse envoltório, que a segue tanto na encarnação quanto na erraticidade. (...) Durante a vida, o fluido perispiritual identifica-se com o corpo, cujas partes todas penetra; com a morte, dele se desprende; privado da vida, o corpo se dissolve, mas o perispírito, sempre unido à alma, isto é, ao princípio vivificante, não perece.
Percebemos, mais uma vez, o quanto é lógica, coerente e bela a Doutrina Espírita!
3. MUTABILIDADE
Vimos que o perispírito é o corpo imperecível dos Espíritos e, embora já tenhamos citado sobre a natureza mutável do perispírito no texto sobre a natureza do perispírito, vamos rever o assunto sob a ótica de ser a mutabilidade uma das suas propriedades:
O Livro dos Espíritos > Parte segunda - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo IV - Da pluralidade das existências > Encarnação nos diferentes mundos. > 187187. A substância do perispírito é a mesma em todos os mundos?Não; ela é mais ou menos etérea. Passando de um mundo para outro o Espírito se reveste da matéria própria de cada um, com mais rapidez que um relâmpago.
8. Do meio onde se encontra é que o Espírito extrai o seu perispírito, isto é, esse envoltório ele o forma dos fluidos ambientes. Resulta daí que os elementos constitutivos do perispírito naturalmente variam, conforme os mundos. (...) Emigrando da Terra, o Espírito deixa aí o seu invólucro fluídico e toma outro apropriado ao mundo onde vai habitar.
Mas, qualquer que seja o grau em que se encontre, o Espírito está sempre revestido de um envoltório, ou perispírito, cuja natureza se eteriza, à medida que ele se depura e eleva na hierarquia espiritual.
A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV - Os fluidos > I - Natureza e propriedade dos fluidos > Formação e propriedade do perispírito > 10
Os Espíritos chamados a viver naquele meio tiram dele seus perispíritos; porém, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna.
Resulta disso este fato capital: a constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda. (...)Também resulta que: o envoltório perispirítico de um Espírito se modifica com o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no mesmo meio; que os Espíritos superiores, encarnando excepcionalmente, em missão, num mundo inferior, têm perispírito menos grosseiro do que o dos indígenas desse mundo.
Resumindo: O perispírito possui a propriedade de modificar
sua constituição fluídica, dependendo do mundo em que o Espírito possa se
encontrar e da sua condição moral.
4. IMPONDERABILIDADE
Essa propriedade é inerente à própria definição do perispírito. Vejamos:
4. Os Espíritos são seres individuais; têm um envoltório etéreo, imponderável, chamado perispírito, espécie de corpo fluídico, tipo da forma humana.
7. No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm, pois, origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes.
9. A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu bel-prazer, pelo que não podem passar, à vontade, de um mundo para outro. Alguns há, portanto, cujo envoltório fluídico, se bem que etéreo e imponderável com relação à matéria tangível, ainda é por demais pesado, se assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio. Nessa categoria se devem incluir aqueles cujo perispírito é tão grosseiro, que eles o confundem com o corpo carnal, razão por que continuam a crer-se vivos.*
Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores, e, até encarnar neles. Tiram, dos elementos constitutivos do mundo onde entram, os materiais para a formação do envoltório fluídico ou carnal apropriado ao meio em que se encontrem.
(*Exemplos de Espíritos que ainda se julgam deste mundo nas Revista
Espírita - Jornal de estudos psicológicos de: 1859 > Dezembro > Um
Espírito que não se acredita morto, 1864 > Novembro >
Palestras familiares de além-túmulo > Sobre
os Espíritos que ainda se julgam vivos, 1865 > Abril > Palestras familiares de
além-túmulo > Pierre
Legay, dito Grande Pierrot)
Observamos a respeito do que se entende por imponderável: a origem de toda a matéria existente no universo é o Fluido Cósmico Universal(FCU), que é matéria prima para tudo que existe de material no Universo (toda matéria etérea desconhecida para nós, os Espíritos denominam por “fluidos”). Assim, pelas inúmeras transformações que o FCU possibilita, tanto o corpo físico quanto o perispírito são oriundos dele, estando em estados diferentes da matéria. O perispírito é fluido etéreo, considerado imponderável em relação à nossa matéria tangível. Importante observar que os fótons-partículas que compõe a luz solar-, os elétrons e outras partículas subatômicas, possuem massa, que, mesmo sendo de grandeza muito pequena, ainda são matérias ponderáveis.
5. PENETRABILIDADE
O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Segunda parte - Das manifestações espíritas > Capítulo VI – Das manifestações visuais > Ensaio teórico sobre as aparições > 106
106. Outra propriedade do perispírito inerente à sua natureza etérea é a penetrabilidade. Matéria nenhuma lhe opõe obstáculo: ele as atravessa todas, como a luz atravessa os corpos transparentes. Daí vem não haver tapagem capaz de obstar à entrada dos Espíritos.
Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos - 1864 > Abril > Resumo da lei dos fenômenos Espíritas
7. ─ O fluido que compõe o perispírito penetra todos os corpos e os atravessa, como a luz atravessa os corpos transparentes. Nenhuma matéria é obstáculo para ele. É por isso que os Espíritos penetram em toda a parte, nos lugares mais hermeticamente fechados.
A comparação com a luz que atravessa os corpos transparentes é muito boa, visto que a luz, que é formada de matéria ponderável, é capaz de atravessar matérias sólidas e compactas, como determinados minerais, e, como se sabe atualmente de outras partículas que atravessam matérias até mesmo opacas e sólidas, com algum esforço conseguiremos imaginar a matéria fluídica do perispírito, que é imponderável, a atravessar todos os corpos materiais do Universo.
6. ODOR E TEMPERATURA
Trazemos esses dois tópicos para esclarecer o que algumas pessoas
sentem, especialmente em relação a odores:
138. São variadíssimos os meios de comunicação. Atuando sobre os nossos órgãos e sobre todos os nossos sentidos, podem os Espíritos manifestar-se à nossa visão, por meio das aparições; ao nosso tato, por impressões tangíveis, visíveis ou ocultas; à audição pelos ruídos; ao olfato por meio de odores sem causa conhecida. Este último modo de manifestação, se bem muito real, é, incontestavelmente, o mais incerto, pelas múltiplas causas que podem induzir em erro. Daí o nos não demorarmos em tratar dele.57. (...) Sob a influência de certos médiuns, tem-se visto aparecerem mãos com todas as propriedades de mãos vivas, que, como estas, denotam calor, podem ser palpadas, oferecem a resistência de um corpo sólido, agarram os circunstantes e, de súbito, se dissipam, quais sombras. (...) A tangibilidade que revelam, a temperatura, a impressão, em suma, que causam aos sentidos, porquanto se há verificado que deixam marcas na pele, que dão pancadas dolorosas, que acariciam delicadamente, provam que são de uma matéria qualquer.
2. O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores
3. Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos
4. O que é o Espiritismo?
5. A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo
6. O Espiritismo em sua mais simples expressão