O FENÔMENO MEDIÚNICO - 1ª parte

Conteúdo: 

Allan Kardec foi atraído pelo fenômeno mediúnico, verificando, pela observação criteriosa e constante, que existia veracidade nos acontecimentos ditos “maravilhosos e sobrenaturais”,  os quais, por toda a nossa história, causaram imensa perplexidade.

Das comprovações dos fenômenos mediúnicos de manifestação física aos inteligentes e das respostas dos Espíritos às suas perguntas, Kardec construiu a ciência espírita.

Em todas as suas 23 obras, que são as obras fundamentais do Espiritismo, Kardec traz explicações, exemplos, dissertações, facultando para nós o entendimento do quão lógico e belo é o fenômeno mediúnico, como, aliás, é tudo que se apoia nas leis de Deus.

É fundamental que o leitor faça um estudo prévio sobre o Perispírito, disponibilizado em 04 textos neste blog. 

Façamos um estudo sequenciado, desde o princípio, em que Kardec demonstra a existência dos Espíritos:

Existem Espíritos?

“Os Espíritos não são, como frequentemente se imagina, seres à parte na criação; são as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros mundos. As almas ou Espíritos são, pois, uma única e mesma coisa; de onde se segue que quem crê na existência da alma crê, por isso mesmo, na dos Espíritos. Negar os Espíritos seria negar a alma.” 

Onde ficam os Espíritos?

“87. Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no espaço?
Estão por toda parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Vós os tendes de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se serve para a execução de Seus desígnios providenciais.” 

Kardec  pergunta o mesmo na seguinte questão de O Livro dos Espíritos: 

"Já respondemos a essa pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa.

Essa resposta nos alerta para a companhia espiritual nosso redor, constantemente. 

Os Espíritos têm uma forma?

Resumo da lei dos fenômenos espíritas > Dos Espíritos

“Geralmente, se faz uma ideia muito falsa do estado dos Espíritos; eles não são, como alguns o creem, seres vagos e indefinidos, nem chamas como os fogos fátuos, nem fantasmas como nos contos de assombração. São seres semelhantes a nós, tendo um corpo igual ao nosso, mas fluídico e invisível no estado normal.” 

O que mais podemos saber sobre esse corpo fluídico e invisível? 

Resumo da lei dos fenômenos espíritas > Dos Espíritos

“Quando a alma está unida ao corpo, durante a vida, ela tem duplo envoltório: um pesado, grosseiro e destrutível, que é o corpo; outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito. O perispírito é o laço que une a alma e o corpo; é por seu intermédio que a alma faz o corpo agir e percebe as sensações experimentadas pelo corpo. A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o homem; a alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado Espírito.
A morte é a destruição do envoltório corporal; a alma abandona esse envoltório como troca a roupa usada, ou como a borboleta deixa sua crisálida; mas conserva seu corpo fluídico ou perispírito.” 

Kardec diz que o perispírito é o laço que une a alma e o corpo. Como é que essa união acontece e como ela é? 

“Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.” 

O texto esclarece que o perispírito e o corpo físico são totalmente unidos desde o momento do nascimento. 

Qual a função do perispírito?

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV - Os fluidos > II. Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais > Vista espiritual ou psiquíca. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos > 22

O perispírito, que é o órgão sensitivo do Espírito, é o corpo fluídico deste. É através dele que o Espírito percebe o mundo à sua volta, tanto material, quanto espiritual. Quando encarnado, e em estado de vigília, as percepções que o Espírito faz do mundo material são possíveis pelos sentidos e sensações do corpo físico.

Vejamos mais sobre o perispírito: 

O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Segunda parte - Das manifestações espíritas > Capítulo I - Da ação dos Espíritos sobre a matéria > 54

“Esse segundo invólucro da alma, ou perispírito, existe, pois, durante a vida corpórea; é o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo. Para nos servirmos de uma comparação material, diremos que é o fio elétrico condutor, que serve para a recepção e a transmissão do pensamento.” 

Pelos textos acima entendemos que o perispírito serve de intermediário ao Espírito para perceber o mundo à sua volta bem como lhe faculta transmitir seu pensamento e vontade ao corpo. Essa intermediação é a função do perispírito.

A analogia do fio elétrico condutor é perfeita para esse entendimento.

Entendido sobre a função do perispírito, vejamos a seguinte questão, fundamental para o nosso estudo: 

Os Espíritos podem se manifestar aos encarnados?

O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Primeira parte - Noções preliminares > Capítulo I - Há Espíritos? > 3

“O Espírito [...] é um ser limitado e circunscrito, ao qual só falta ser visível e palpável, para se assemelhar aos seres humanos. Por que, então, não haveria de atuar sobre a matéria? Por ser fluídico o seu corpo? Mas, onde encontra o homem os seus mais possantes motores, senão entre os mais rarefeitos fluidos, mesmo entre os que se consideram imponderáveis, como, por exemplo, a eletricidade?” 

Essa analogia de Kardec é inegavelmente lógica e plausível. 

Qualquer Espírito é capaz de se comunicar?

O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Segunda parte - Das manifestações espíritas > Capítulo XXV – Das evocações > Espíritos que se podem evocar > 274

Todos os Espíritos, qualquer que seja o grau em que se encontrem na escala espiritual, podem ser evocados: assim os bons, como os maus, tanto os que deixaram a vida de pouco, como os que viveram nas épocas mais remotas, os que foram homens ilustres, como os mais obscuros, os nossos parentes e amigos, como os que nos são indiferentes.” 

Para o nosso estudo presente o fato de sabermos que todos os Espíritos podem se comunicar é o suficiente. Assim não abordaremos os motivos que os impedem de se comunicarem, circunstancialmente. Ao leitor que desejar aprofundar-se no assunto, recomendamos que leia os itens 274 a 279 de O Livro dos Médiuns.

Kardec continua: 

O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Primeira parte - Noções preliminares > Capítulo I - Há Espíritos? > 5

Resta agora a questão de saber se o Espírito pode comunicar-se com o homem, isto é, se pode com este trocar ideias. Por que não? Que é o homem, senão um Espírito aprisionado num corpo? Por que não há de o Espírito livre se comunicar com o Espírito cativo, como o homem livre com o encarcerado?” 

Nesse mesmo texto Kardec alude a uma das ideias mais consoladoras do Espiritismo: 

O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Primeira parte - Noções preliminares > Capítulo I - Há Espíritos? > 3

“Desde que admitis a sobrevivência da alma, será racional que não admitais a sobrevivência dos afetos? Pois que as almas estão por toda parte, não será natural acreditarmos que a de um ente que nos amou durante a vida se acerque de nós, deseje comunicar-se conosco e se sirva para isso dos meios de que disponha?
Enquanto vivo, não atuava ele [o Espírito] sobre a matéria de seu corpo? Não era quem lhe dirigia os movimentos? Por que razão, depois de morto, entrando em acordo com outro Espírito ligado a um corpo, estaria impedido de se utilizar deste corpo vivo, para exprimir o seu pensamento, do mesmo modo que um mudo pode servir-se de uma pessoa que fale, para se fazer compreendido?” 

Baseado nesta possibilidade sobre a manifestação dos Espíritos e na função que o perispírito realiza, consideramos que:

  • Se o Espírito encarnado necessita do seu perispírito para comandar seu corpo físico e poder atuar no mundo material;
  • Se é perfeitamente aceitável que os Espíritos possam fazer contato com os encarnados;
  • Se o Espírito pode valer-se de um corpo de um encarnado para se manifestar.

E perguntamos:

Antes de desenvolvermos a primeira questão, necessitamos trazer o conceito de médium, propriamente dito: 

Instruções práticas sobre as manifestações espíritas > Vocabulário espírita > Médium

* “Médium: do lat. médium, meio, intermediário. Pessoa acessível à influência dos Espíritos e mais ou menos dotada da faculdade de receber e transmitir suas comunicações. Para os Espíritos o médium é um intermediário; é um agente ou instrumento mais ou menos cômodo, conforme a natureza ou o grau da faculdade mediatriz”. 

De posse da definição de “médium”, vamos desenvolver as duas questões formuladas acima, no texto: O Fenômeno Mediúnico - 2ª parte. (a seguir)


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Obras utilizadas:

1.       Resumo da lei dos fenômenos espíritas

2.       O Livro dos Espíritos

3.       A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo

4.       O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores

5.       Instruções práticas sobre as manifestações espiritas