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VISITAS ENTRE PESSOAS VIVAS DURANTE O SONO e TRANSMISSÃO OCULTA DO PENSAMENTO (Telepatia)

 

   Objetivos específicos:  

1.     Saber que as pessoas podem se visitar enquanto dormem;

2.     Entender os motivos que fazem as pessoas se encontrarem durante o sono;

3.     Saber que os pensamentos podem ser transmitidos enquanto estamos em vigília (telepatia).

                                                

Conteúdo:

Nas postagens sobre OS FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA – 1 e 2 abordamos sobre questões gerais a respeito dos sonhos.

Embora ainda sejam questões sobre os sonhos, Allan Kardec separou, didaticamente, os sonhos oriundos dos encontros que acontecem entre pessoas vivas, durante o sono do corpo.

A este estudo Kardec denominou de:


1. VISITAS ENTRE PESSOAS VIVAS DURANTE O SONO.

Kardec inicia esse estudo questionando sobre a possibilidade de nos encontramos com pessoas que conhecemos.

“414. Podem duas pessoas que se conhecem visitar-se durante o sono?
Sim, e muitos que julgam não se conhecerem costumam reunir-se e falar-se[1]. Podes ter, sem que o suspeites, amigos em outro país. É tão habitual o fato de irdes encontrar-vos, durante o sono, com amigos e parentes, com os que conheceis e com pessoas que vos podem ser úteis, que quase todas as noites fazeis essas visitas.

Notemos que os Espíritos responderam que é habitual irmos encontrar amigos e parentes durante o sono, pois já vimos que não é regra geral, visto que existem outras situações que a nossa alma experimenta quando dormimos.

Como sabemos que a maioria das vezes nos esquecemos dos sonhos, Kardec interroga:

“415. Que utilidade podem elas ter, se as olvidamos?
De ordinário, ao despertardes, guardais a intuição desse fato, do qual frequentemente se originam certas ideias que vos vêm espontaneamente, sem que possais explicar como vos acudiram. São ideias que adquiristes nessas confabulações.”

Será que podemos provocar o encontro com alguém, enquanto dormimos, mediante a nossa vontade de encontrar tal ou qual pessoa?

“416. Pode o homem, pela sua vontade, provocar as visitas espíritas? Pode, por exemplo, dizer, quando está para dormir: Quero esta noite encontrar-me em Espírito com fulano, quero falar-lhe para dizer isto?
O que se dá é o seguinte: adormecendo o homem, seu Espírito desperta e, muitas vezes, nada disposto se mostra a fazer o que o homem resolvera, porque a vida deste pouco interessa ao seu Espírito, uma vez desprendido da matéria. Isto com relação a homens já bastante elevados espiritualmente. Os outros passam de modo muito diverso a fase espiritual de sua existência terrena; entregam-se às suas paixões, ou se mantêm inativos. Pode, pois, suceder, tais sejam os motivos que a isso o induzem, que o Espírito vá visitar aqueles com quem deseja encontrar-se. Mas não constitui razão, para que semelhante coisa se verifique, o simples fato de ele o querer quando desperto.”

E Kardec amplia a questão anterior:

417. Podem Espíritos encarnados reunir-se em certo número e formar assembleias?
“Sem dúvida alguma. Os laços, antigos ou recentes, da amizade costumam reunir desse modo diversos Espíritos, que se sentem felizes de estar juntos.”

Comentário de Allan Kardec a esta questão:

“Pelo termo “antigos” se devem entender os laços de amizade contraídos em existências anteriores. Ao despertar, guardamos intuição das ideias que haurimos nesses colóquios, mas ficamos na ignorância da fonte donde promanaram.”

 Vejamos agora uma situação que acontece, não raro, em nossa humanidade:

“419. Que é o que dá causa a que uma ideia, a de uma descoberta, por exemplo, surja em muitos pontos ao mesmo tempo?
Já dissemos que durante o sono os Espíritos se comunicam entre si. Ora, quando se dá o despertar, o Espírito se lembra do que aprendeu e o homem julga ser isso um invento de sua autoria. Assim é que muitos podem simultaneamente descobrir a mesma coisa. Quando dizeis que uma ideia paira no ar, usais de uma figura mais exata do que supondes. Todos, sem o suspeitarem, contribuem para propagá-la.”

Comentário de Kardec a esta questão:

“Desse modo, o nosso próprio Espírito muitas vezes revela a outros Espíritos, sem que disso nos demos conta, o que constituía objeto de nossas preocupações no estado de vigília.”

Muito interessante essa informação. Podemos apreciá-la de forma mais exemplificada em um relato que Allan Kardec faz de um sonho que teve durante um período em que esteve enfermo.

Neste relato interessantíssimo, podemos nos remeter a algumas das situações de sonhos ate já postamos aqui, tais como sobre os sonhos incompreensíveis[2] e sobre as visões durante a sonolência do corpo[3].

Vejamos agora sobre o aspecto do encontro, em sonho, de pessoas que se ocupam do mesmo assunto enquanto estão em vigília, como também sobre a finalidade de Kardec ter sido para aí atraído. Ainda somos chamados a atenção sobre como a ciência perde em apenas considerar a matéria e negligenciar o Espírito e ainda sobre a importância de os homens fazerem descobertas, mediante seu próprio trabalho.

Vejamos o sonho de Kardec:

Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos - 1866 > Junho > Um sonho instrutivo
“Durante a última doença que tivemos durante o mês de abril de 1866, estávamos sob o império de uma sonolência e uma absorção quase contínuas; nesses momentos sonhávamos constantemente com coisas insignificantes, às quais não prestávamos a menor atenção. Mas na noite de 24 de abril, a visão ofereceu um caráter tão particular que ficamos vivamente chocado.

Num lugar que nenhuma lembrança trazia à nossa memória e que se parecia com uma rua, havia uma reunião de indivíduos que conversavam em grupo; entre eles, só alguns nos eram conhecidos em sonho, mas que não podíamos designar pelo nome. Observávamos essa multidão e procurávamos captar o assunto da conversa, quando de repente apareceu no canto de uma parede uma inscrição em letras pequenas, brilhantes como fogo, e que nos esforçávamos por decifrar. Ela estava assim concebida: Descobrimos que a borracha enrolada sob a roda faz uma légua em dez minutos, desde que a estrada...” Enquanto procurávamos o fim da frase, a inscrição apagou-se pouco a pouco e nós acordamos. Com receio de esquecer essas palavras singulares, apressamo-nos em transcrevê-las.

Qual podia ser o sentido dessa visão, que nada absolutamente em nossos pensamentos e preocupações podia ter provocado? Não nos ocupando de invenções nem de pesquisas industriais, isto não podia ser um reflexo de nossas ideias. Depois, que podia significar essa borracha que, enrolada sob uma roda, faz uma légua em dez minutos? Era a revelação de alguma nova propriedade dessa substância? Seria ela chamada a representar um papel na locomoção? Quereriam pôr-nos na via de uma descoberta? Mas então, por que dirigir-se a nós em vez de a homens especiais, com oportunidade de fazer os estudos e as experiências necessárias? Contudo, esse sonho era muito característico, muito especial, para ser posto entre os sonhos de fantasia; devia ter um objetivo. Qual? Foi o que tentamos descobrir inutilmente.

Durante o dia, tendo tido ocasião de consultar o Dr. Demeure sobre a nossa saúde, aproveitamos para lhe pedir que nos dissesse se esse sonho apresentava algo de sério. Eis o que ele respondeu:

“Os numerosos sonhos que vos assediarem nestes últimos dias são o resultado do próprio sofrimento que experimentais. Todas as vezes que há enfraquecimento do corpo, há tendência para o desprendimento do Espírito; mas quando o corpo sofre, o desprendimento não se opera de maneira regular e normal; o Espírito é incessantemente chamado ao seu posto; daí uma espécie de luta, de conflito entre as necessidades materiais e as tendências espirituais; daí, também, interrupções e misturas que confundem as imagens e as transformam em conjuntos bizarros e desprovidos de sentido. Mais do que se pensa, o caráter dos sonhos se liga à natureza da doença. É um estudo a fazer, e os médicos aí encontrarão muitas vezes diagnósticos preciosos, quando reconhecerem a ação independente do Espírito e o papel importante que ele representa na economia. Se o estado do corpo reage sobre o Espírito, por seu lado o estado do Espírito influi poderosamente sobre a saúde e, em certos casos, é tão útil agir sobre o Espírito quanto sobre o corpo. Ora, a natureza dos sonhos pode, muitas vezes, ser indício do estado do Espírito. Repito que é um estudo a fazer, até hoje negligenciado pela Ciência, que não vê em toda parte senão a ação da matéria e não leva em conta o elemento espiritual

(...) O que vistes no sonho que estou encarregado de explicar-vos não é uma dessas imagens fantásticas provocadas pela doença; é incontestavelmente uma manifestação, não de Espíritos desencarnados, mas de Espíritos encarnados. Sabeis que durante o sono podeis encontrar-vos com pessoas conhecidas ou desconhecidas, mortas ou vivas. Foi este último caso que ocorreu nessa circunstância. Os que vistes são encarnados que se ocupam separadamente, e na maioria sem se conhecerem, com invenções tendentes a aperfeiçoar os meios de locomoção, anulando, tanto quanto possível, o excesso de despesa causado pelo gasto de materiais hoje em uso. Uns pensaram na borracha, outros em outros materiais, mas o que há de particular é que quiseram chamar a vossa atenção, como assunto de estudo psicológico, sobre a reunião, num mesmo lugar, dos Espíritos de diversos homens perseguindo o mesmo objetivo. A descoberta não tem relação com o Espiritismo; é apenas o conciliábulo dos inventores que vos quiseram fazer ver, e a inscrição não tinha outro objetivo senão especificar, aos vossos olhos o objeto principal de sua preocupação, pois há alguns que procuram outras aplicações para a borracha. Ficai persuadido que isso ocorre muitas vezes, e que quando vários homens descobrem ao mesmo tempo uma nova lei ou um novo corpo, em diversos pontos do globo, seus Espíritos estudaram a questão em conjunto, durante o sono, e, ao despertar, cada um trabalhou por seu lado, colocando em prática o fruto de suas observações.

Notai bem que aí estão ideias de encarnados, e que nada prejulgam quanto ao mérito da descoberta. Pode ser que de todos esses cérebros em ebulição saia algo de útil, como é possível que apenas saiam quimeras. Não vos preciso dizer que seria inútil interrogar os Espíritos a respeito, pois sua missão, como dissestes em vossas obras, não é poupar ao homem o trabalho das pesquisas, trazendo-lhe invenções acabadas que seriam outras tantas causas para o encorajamento da preguiça e da ignorância. Nesse grande torneio da inteligência humana, cada um aí está por conta própria, e a vitória será do mais hábil, do mais perseverante, do mais corajoso.”

Após esses preciosos esclarecimentos do Espírito do médico, Kardec aproveita para fazer outras questões a respeito dos sonhos. Segue:

“Pergunta. ─ Que pensar das descobertas atribuídas ao acaso? Não há descobertas que não são fruto de nenhuma pesquisa?

Resposta. ─ Bem sabeis que não existe acaso; as coisas que vos parecem as mais fortuitas têm sua razão de ser, pois há que se contar com as inumeráveis inteligências ocultas que presidem a todas as partes do conjunto. Se é chegado o momento de uma descoberta, os elementos são postos à luz por essas mesmas inteligências. Vinte homens, cem homens passarão ao lado sem notá-la; um apenas nela fixará a atenção. O fato insignificante para a multidão é para ele um facho de luz. Encontrá-lo não era tudo; o essencial era saber pô-lo em ação. Não foi o acaso que o pôs sob os olhos, mas os bons Espíritos que lhe disseram: “Olha, observa e aproveita, se quiseres”. Depois, ele próprio, nos momentos de liberdade de seu Espírito, durante o sono do corpo[4], pode ser posto no caminho e, ao despertar, instintivamente, ele se dirige para o lugar onde deve encontrar a coisa que está chamado a fazer frutificar por sua inteligência.”

“Não. Não há acaso. Tudo é inteligente na Natureza.”

Além dos estudos que Kardec nos forneceu a respeito dos sonhos, ele ainda investiga sobre a transmissão dos pensamentos durante a vigília, ou seja, enquanto acordados. A esse estudo ele denominou de:

 

2. TRANSMISSÃO OCULTA DO PENSAMENTO (Telepatia)

Esse assunto nos remete ao que muitos se referem a TELEPATIA. Embora isto não aconteça durante o sono, mas sim quando estamos acordados, Allan Kardec explora o assunto para esclarecimento de todos. Vejamos:

420. Podem os Espíritos comunicar-se, estando completamente despertos os corpos?
“O Espírito não se acha encerrado no corpo como numa caixa; irradia por todos os lados. Segue-se que pode comunicar-se com outros Espíritos, mesmo em estado de vigília, se bem que mais dificilmente.

Trazemos a informação que o nosso pensamento se irradia em todas as direções, modificando os fluidos ambientes, dando-lhes qualidades, bem como determinando o tipo de companhia que atraímos, por afinidade de sentimentos, de moral e de gostos e interesses, tanto em estado errante (desencarnado) ou quando encarnados.

Kardec comenta na questão 614, de O Livro dos Espíritos:

"Os Espíritos simpáticos são os que se sentem atraídos para o nosso lado por afeições particulares e ainda por uma certa semelhança de gostos e de sentimentos, tanto para o bem como para o mal."

Compreender a simpatia entre os Espíritos é importante para entendermos como acontece a transmissão oculta de pensamentos. Assim os Espíritos esclarecem:

421. Como se explica que duas pessoas perfeitamente acordadas tenham instantaneamente a mesma ideia?
São dois Espíritos simpáticos que se comunicam e veem reciprocamente seus pensamentos respectivos, embora sem estarem adormecidos os corpos.”

Comentário de Kardec a esta questão:

“Há, entre os Espíritos que se encontram, uma comunicação de pensamento, que dá causa a que duas pessoas se vejam e compreendam, sem precisarem dos sinais ostensivos da linguagem. Poder-se-ia dizer que falam entre si a linguagem dos Espíritos.”

O entendimento dos fenômenos de emancipação da alma, enquanto estamos acordados ou dormindo, é fundamental para desmistificar os vários fenômenos espírituais, que só o Espiritismo esclarece, porque desvela a nossa natureza espiritual. Estudemos as obras de Allan Kardec para melhor nos conhecermos e entendemos a realidade da nossa existência.

 

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Ver este texto também em: Roteiros de Estudos do IDEAK


Obras utilizadas:

1.       O Livro dos Espíritos

2.       Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos

 

 

 

Sugestões de Materiais Complementares

https://www.kardecplay.net/pt/video/45-visitas-espiritas-entre-pessoas-vivas

https://www.kardecplay.net/pt/video/46-transmissao-oculta-do-pensamento




[1] Todos os grifos são nossos

[2] Os Sonhos - partes 1 e 2

[3] Idem

[4] Em emancipação da alma.

          

O FENÔMENO MEDIÚNICO - 2ª parte

Objetivos:

1. Perceber que é através do perispírito que o Espírito transmite seu pensamento e vontade ao corpo do médium;

2. Entender o que origina a faculdade mediúnica.


Conteúdo:

Iniciamos este estudo, trazendo as questões que formulamos ao final do texto1:

1. Como acontece o mecanismo de manifestação/comunicação entre os Espíritos e os médiuns? 

É igualmente com o concurso do seu perispírito que o Espírito faz que os médiuns escrevam, falem, desenhem. Já não dispondo de corpo tangível para agir ostensivamente quando quer manifestar-se, ele se serve do corpo do médium, cujos órgãos toma de empréstimo, corpo ao qual faz que atue como se fora o seu próprio, mediante o eflúvio fluídico que verte sobre ele.

Ou seja, o Espírito emana seu corpo fluídico sobre o médium, fazendo com que aconteça o contato fluídico, permitindo que o pensamento do Espírito, através dos fluidos perispirituais, chegue até o corpo físico do médium (conforme função do perispírito), possibilitando a manifestação do Espírito.

Mas, a natureza dos perispíritos sempre permite essa interpenetração fluídica, favorecendo a assimilação do pensamento do Espírito?

Passemos para a segunda questão:

 

2. Existem condições especificas para que esse processo aconteça?

 

Há um princípio que, estou certo, todos os espíritas admitem, é que os semelhantes atuam com seus semelhantes e como seus semelhantes.
[...] O vosso perispírito e o nosso procedem do mesmo meio, são de natureza idêntica, são, numa palavra, semelhantes.
Possuem uma propriedade de assimilação mais ou menos desenvolvida, de magnetização mais ou menos vigorosa, que nos permite a nós, Espíritos desencarnados e encarnados, pormo-nos muito pronta e facilmente em comunicação.
Enfim, o que é peculiar aos médiuns, o que é da essência mesma da individualidade deles, é uma afinidade especial e, ao mesmo tempo, uma força de expansão particular, que lhes suprimem toda refratariedade e estabelecem, entre eles e nós, uma espécie de corrente, uma espécie de fusão, que nos facilita as comunicações.
É, em suma, essa refratariedade da matéria que se opõe ao desenvolvimento da mediunidade, na maior parte dos que não são médiuns”.

  

O texto acima traz três importantes informações:

 

2.1. O perispírito, tanto do Espírito quanto do médium, possui uma propriedade de assimilação, que permite que se combinem e que aconteça a comunicação mediúnica.

Essa informação nos induz a pensar que todos os Espíritos possuem perispíritos de naturezas fluídicas semelhantes. Porém, ouve-se muito no movimento espírita que os Espíritos só se comunicam com determinado médium quando tem afinidade com ele. Isso não contradiz o texto de O Livro dos Médiuns acima, visto que o moral influi diretamente na qualidade fluídica do perispírito? Vejamos:


O Livro dos Espíritos > Parte segunda - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo I - Dos Espíritos > Perispírito. > 94

“94. De onde tira o Espírito o seu envoltório semimaterial?

Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.”

“a) Assim, quando os Espíritos que habitam mundos superiores vêm ao nosso meio, tomam um perispírito mais grosseiro?

É necessário que se revistam da vossa matéria, já o dissemos.”

 

Contudo, existem certas particularidades na formação desse revestimento fluídico que Kardec assim relata:

 

“(...) Os Espíritos chamados a viver naquele meio [num determinado mundo] tiram dele seus perispíritos; porém, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna.”

 

Mesmo tendo os mesmos elementos formadores em seus perispíritos, por se encontrarem em um mesmo mundo, os Espíritos superiores têm um perispírito mais etéreo, consequência direta do seu estado moral.

 

Então, perguntamos: esses Espíritos superiores podem se comunicar por qualquer médium? E a afinidade moral e similaridade fluídica, não interferem?

 

“(...) A influência moral do médium atua e perturba, às vezes, a transmissão dos nossos despachos de além-túmulo, porque somos obrigados a fazê-los passar por um meio que lhes é contrário. Entretanto, essa influência, amiúde, se anula, pela nossa energia e vontade, e nenhum ato perturbador se manifesta. Com efeito, os ditados de alto alcance filosófico, as comunicações de perfeita moralidade são transmitidas, algumas vezes, por médiuns impróprios a esses ensinos superiores; enquanto que, por outro lado, comunicações pouco edificantes chegam também, às vezes, por médiuns que se envergonham de lhes haverem servido de condutores.

Em tese geral, pode afirmar-se que os Espíritos atraem Espíritos que lhes são similares e que raramente os Espíritos das plêiades elevadas se comunicam por aparelhos maus condutores, quando têm à mão bons aparelhos mediúnicos, bons médiuns, numa palavra.”

 

Os Espíritos podem se comunicar por qualquer médium, embora o façam mais amiúde com os que lhes são afins, pela facilidade de assimilação dos fluidos, por serem semelhantes.

A segunda informação contida no item 236 de O Livro dos Médiuns é:

2.2. O perispírito dos médiuns possui uma força de expansão particular que facilita a comunicação dos Espíritos: 

“Pela sua união íntima com o corpo, o perispírito desempenha preponderante papel no organismo. Pela sua expansão, põe o Espírito encarnado em relação mais direta com os Espíritos livres e também com os Espíritos encarnados”.

 

A expansão dos fluidos perispirituais do médium possibilita ao Espírito entrar em relação com ele.

 

E a terceira informação é:

 

2.3. E os que não são médiuns carecem dessa expansão, na verdade existe neles uma refratariedade da matéria que faz oposição ao desenvolvimento da mediunidade.

 

Podemos resumir o que já estudamos até agora:

 

O fenômeno mediúnico só é possível acontecer por existirem pessoas, denominadas médiuns, cujo perispírito possui condições especiais de assimilação e expansão fluídica, que lhes permite vencer a refratariedade da matéria e lhes confere a faculdade mediúnica.

 

Mas, qual é a causa inicial da faculdade mediúnica, que vence a refratariedade da matéria e confere condições especiais ao perispírito?

Encontramos na seguinte definição de médium o entendimento dessa questão:

 

“Toda pessoa que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por isso mesmo, médium. Essa faculdade* é inerente ao homem e, consequentemente, não é privilégio exclusivo; assim, poucos há nos quais não seja ela encontrada, embora em forma rudimentar. Pode, pois, dizer-se que todo o mundo é mais ou menos médium.

Contudo, em geral, essa qualificação só se aplica às pessoas nas quais a faculdade mediatriz esteja claramente caracterizada e se traduza por efeitos patentes de uma certa intensidade, o que, então, depende de uma organização mais ou menos sensitiva. Além disso, é de notar-se que essa faculdade não se revela em todos do mesmo modo: geralmente os médiuns têm uma aptidão especial para esta ou aquela ordem de fenômenos, o que determina tantas variedades quantas as espécies de manifestações.”

 

*Faculdade mediúnica: “A mediunidade é uma faculdade inerente à natureza do homem”.

 

Extraímos do texto acima informações de como se processa o fenômeno mediúnico. Vejamos: 

  • A faculdade mediúnica é inerente ao homem.
  • A faculdade depende de uma organização mais ou menos sensitiva. 

Se é inerente ao homem, e como o homem se diferencia do Espírito por possuir um corpo físico, a mediunidade é, logicamente, inerente à sua organização (física), que é mais ou menos sensitiva, e concede aos médiuns a sua faculdade mediúnica.

 

Kardec traz em outros textos a mesma afirmativa sobre ser orgânica a faculdade mediúnica: 


“Têm-se visto pessoas inteiramente incrédulas ficarem espantadas de escrever a seu mau grado, enquanto que crentes sinceros não o conseguem, o que prova que esta faculdade se prende a uma predisposição orgânica. 

“Digamos, antes de tudo, que a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de que qualquer homem pode ser dotado, como da de ver, de ouvir, de falar.”

 

Se em qualquer homem pode haver essa predisposição orgânica, então a faculdade mediúnica não se relaciona com evolução ou progresso moral do homem?

 

Esta é a resposta dos Espíritos:

 


Muito importante essa resposta, pois esclarece que a mediunidade pode pertencer a homens mais ou menos moralizados.

 

Então o que determina a faculdade mediúnica a certas pessoas? 


 

Esta resposta traz um acréscimo importante, definindo que a faculdade mediúnica pode ser desenvolvida, entretanto, só pode ser desenvolvida quando existe o princípio.

 

Assim, podemos incluir mais dados no nosso resumo:

O fenômeno mediúnico só é possível acontecer por existirem pessoas, denominadas médiuns, cujo perispírito possui condições especiais de assimilação e expansão fluídicas, que lhes permite vencer a refratariedade da matéria e lhes confere a faculdade mediúnica. Esta faculdade só é possível de ser desenvolvida devido ao princípio ou gérmen existente no organismo físico do médium.

 

Deixamos para o final uma frase de Kardec que diz assim: 


 

Seria a mencionada predisposição orgânica que facultaria uma menor “aderência” na ligação do perispírito e do corpo? Uma condição que permitiria ao perispírito do médium uma maior expansibilidade e, com ela, a facilidade de se pôr mais facilmente em contato com os Espíritos? Uma condição que também facultaria uma maior assimilação dos fluidos perispirituais do Espírito?

E o que provoca essa predisposição orgânica?

Não sabemos. Kardec e os Espíritos não foram além dessas informações.

A pesquisa através da ciência espírita poderá nos responder a isso. Uma pesquisa com o rigor necessário para estar em conformidade com o que já foi estabelecido pelos Espíritos da Codificação.

 

Conforme o que Kardec nos deixou na introdução do livro O Evangelho Segundo O Espiritismo a respeito do Controle Universal do Ensino dos Espíritos, sabemos que:


Toda teoria em manifesta contradição com o bom-senso, com uma lógica rigorosa e com os dados positivos já adquiridos, deve ser rejeitada, por mais respeitável que seja o nome que traga como assinatura”.

 

Ou seja, é necessário que se tenha o estudo das obras fundamentais da Doutrina Espírita, escritas por Allan Kardec, para não se cometer o grave erro de contradizer informações de Espíritos muito elevados, sob as orientações do Espírito de Verdade, o próprio mestre Jesus.


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Obras utilizadas:

1.       A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo

2.       O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores

3.       O Livro dos Espíritos

4.       Instruções práticas sobre as manifestações espiritas

5.       Revista Espírita 1865

6.       O Evangelho segundo o Espiritismo



O FENÔMENO MEDIÚNICO - 1ª parte

Conteúdo: 

Allan Kardec foi atraído pelo fenômeno mediúnico, verificando, pela observação criteriosa e constante, que existia veracidade nos acontecimentos ditos “maravilhosos e sobrenaturais”,  os quais, por toda a nossa história, causaram imensa perplexidade.

Das comprovações dos fenômenos mediúnicos de manifestação física aos inteligentes e das respostas dos Espíritos às suas perguntas, Kardec construiu a ciência espírita.

Em todas as suas 23 obras, que são as obras fundamentais do Espiritismo, Kardec traz explicações, exemplos, dissertações, facultando para nós o entendimento do quão lógico e belo é o fenômeno mediúnico, como, aliás, é tudo que se apoia nas leis de Deus.

É fundamental que o leitor faça um estudo prévio sobre o Perispírito, disponibilizado em 04 textos neste blog. 

Façamos um estudo sequenciado, desde o princípio, em que Kardec demonstra a existência dos Espíritos:

Existem Espíritos?

“Os Espíritos não são, como frequentemente se imagina, seres à parte na criação; são as almas daqueles que viveram sobre a Terra ou em outros mundos. As almas ou Espíritos são, pois, uma única e mesma coisa; de onde se segue que quem crê na existência da alma crê, por isso mesmo, na dos Espíritos. Negar os Espíritos seria negar a alma.” 

Onde ficam os Espíritos?

“87. Ocupam os Espíritos uma região determinada e circunscrita no espaço?
Estão por toda parte. Povoam infinitamente os espaços infinitos. Vós os tendes de contínuo a vosso lado, observando-vos e sobre vós atuando, sem o perceberdes, pois que os Espíritos são uma das potências da Natureza e os instrumentos de que Deus se serve para a execução de Seus desígnios providenciais.” 

Kardec  pergunta o mesmo na seguinte questão de O Livro dos Espíritos: 

"Já respondemos a essa pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição dos Espíritos. Cada um tira de si mesmo o princípio de sua felicidade ou de sua desgraça. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado existe especialmente destinado a uma ou outra coisa.

Essa resposta nos alerta para a companhia espiritual nosso redor, constantemente. 

Os Espíritos têm uma forma?

Resumo da lei dos fenômenos espíritas > Dos Espíritos

“Geralmente, se faz uma ideia muito falsa do estado dos Espíritos; eles não são, como alguns o creem, seres vagos e indefinidos, nem chamas como os fogos fátuos, nem fantasmas como nos contos de assombração. São seres semelhantes a nós, tendo um corpo igual ao nosso, mas fluídico e invisível no estado normal.” 

O que mais podemos saber sobre esse corpo fluídico e invisível? 

Resumo da lei dos fenômenos espíritas > Dos Espíritos

“Quando a alma está unida ao corpo, durante a vida, ela tem duplo envoltório: um pesado, grosseiro e destrutível, que é o corpo; outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito. O perispírito é o laço que une a alma e o corpo; é por seu intermédio que a alma faz o corpo agir e percebe as sensações experimentadas pelo corpo. A união da alma, do perispírito e do corpo material constitui o homem; a alma e o perispírito separados do corpo constituem o ser chamado Espírito.
A morte é a destruição do envoltório corporal; a alma abandona esse envoltório como troca a roupa usada, ou como a borboleta deixa sua crisálida; mas conserva seu corpo fluídico ou perispírito.” 

Kardec diz que o perispírito é o laço que une a alma e o corpo. Como é que essa união acontece e como ela é? 

“Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.” 

O texto esclarece que o perispírito e o corpo físico são totalmente unidos desde o momento do nascimento. 

Qual a função do perispírito?

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV - Os fluidos > II. Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais > Vista espiritual ou psiquíca. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos > 22

O perispírito, que é o órgão sensitivo do Espírito, é o corpo fluídico deste. É através dele que o Espírito percebe o mundo à sua volta, tanto material, quanto espiritual. Quando encarnado, e em estado de vigília, as percepções que o Espírito faz do mundo material são possíveis pelos sentidos e sensações do corpo físico.

Vejamos mais sobre o perispírito: 

O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Segunda parte - Das manifestações espíritas > Capítulo I - Da ação dos Espíritos sobre a matéria > 54

“Esse segundo invólucro da alma, ou perispírito, existe, pois, durante a vida corpórea; é o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo. Para nos servirmos de uma comparação material, diremos que é o fio elétrico condutor, que serve para a recepção e a transmissão do pensamento.” 

Pelos textos acima entendemos que o perispírito serve de intermediário ao Espírito para perceber o mundo à sua volta bem como lhe faculta transmitir seu pensamento e vontade ao corpo. Essa intermediação é a função do perispírito.

A analogia do fio elétrico condutor é perfeita para esse entendimento.

Entendido sobre a função do perispírito, vejamos a seguinte questão, fundamental para o nosso estudo: 

Os Espíritos podem se manifestar aos encarnados?

O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Primeira parte - Noções preliminares > Capítulo I - Há Espíritos? > 3

“O Espírito [...] é um ser limitado e circunscrito, ao qual só falta ser visível e palpável, para se assemelhar aos seres humanos. Por que, então, não haveria de atuar sobre a matéria? Por ser fluídico o seu corpo? Mas, onde encontra o homem os seus mais possantes motores, senão entre os mais rarefeitos fluidos, mesmo entre os que se consideram imponderáveis, como, por exemplo, a eletricidade?” 

Essa analogia de Kardec é inegavelmente lógica e plausível. 

Qualquer Espírito é capaz de se comunicar?

O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Segunda parte - Das manifestações espíritas > Capítulo XXV – Das evocações > Espíritos que se podem evocar > 274

Todos os Espíritos, qualquer que seja o grau em que se encontrem na escala espiritual, podem ser evocados: assim os bons, como os maus, tanto os que deixaram a vida de pouco, como os que viveram nas épocas mais remotas, os que foram homens ilustres, como os mais obscuros, os nossos parentes e amigos, como os que nos são indiferentes.” 

Para o nosso estudo presente o fato de sabermos que todos os Espíritos podem se comunicar é o suficiente. Assim não abordaremos os motivos que os impedem de se comunicarem, circunstancialmente. Ao leitor que desejar aprofundar-se no assunto, recomendamos que leia os itens 274 a 279 de O Livro dos Médiuns.

Kardec continua: 

O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Primeira parte - Noções preliminares > Capítulo I - Há Espíritos? > 5

Resta agora a questão de saber se o Espírito pode comunicar-se com o homem, isto é, se pode com este trocar ideias. Por que não? Que é o homem, senão um Espírito aprisionado num corpo? Por que não há de o Espírito livre se comunicar com o Espírito cativo, como o homem livre com o encarcerado?” 

Nesse mesmo texto Kardec alude a uma das ideias mais consoladoras do Espiritismo: 

O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Primeira parte - Noções preliminares > Capítulo I - Há Espíritos? > 3

“Desde que admitis a sobrevivência da alma, será racional que não admitais a sobrevivência dos afetos? Pois que as almas estão por toda parte, não será natural acreditarmos que a de um ente que nos amou durante a vida se acerque de nós, deseje comunicar-se conosco e se sirva para isso dos meios de que disponha?
Enquanto vivo, não atuava ele [o Espírito] sobre a matéria de seu corpo? Não era quem lhe dirigia os movimentos? Por que razão, depois de morto, entrando em acordo com outro Espírito ligado a um corpo, estaria impedido de se utilizar deste corpo vivo, para exprimir o seu pensamento, do mesmo modo que um mudo pode servir-se de uma pessoa que fale, para se fazer compreendido?” 

Baseado nesta possibilidade sobre a manifestação dos Espíritos e na função que o perispírito realiza, consideramos que:

  • Se o Espírito encarnado necessita do seu perispírito para comandar seu corpo físico e poder atuar no mundo material;
  • Se é perfeitamente aceitável que os Espíritos possam fazer contato com os encarnados;
  • Se o Espírito pode valer-se de um corpo de um encarnado para se manifestar.

E perguntamos:

Antes de desenvolvermos a primeira questão, necessitamos trazer o conceito de médium, propriamente dito: 

Instruções práticas sobre as manifestações espíritas > Vocabulário espírita > Médium

* “Médium: do lat. médium, meio, intermediário. Pessoa acessível à influência dos Espíritos e mais ou menos dotada da faculdade de receber e transmitir suas comunicações. Para os Espíritos o médium é um intermediário; é um agente ou instrumento mais ou menos cômodo, conforme a natureza ou o grau da faculdade mediatriz”. 

De posse da definição de “médium”, vamos desenvolver as duas questões formuladas acima, no texto: O Fenômeno Mediúnico - 2ª parte. (a seguir)


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Obras utilizadas:

1.       Resumo da lei dos fenômenos espíritas

2.       O Livro dos Espíritos

3.       A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo

4.       O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores

5.       Instruções práticas sobre as manifestações espiritas