HOMENAGEM A ALLAN KARDEC

Allan Kardec - o autor encarnado do Espiritismo

O autor encarnado do Espiritismo


Nascido em 03 de outubro de 1804 e registrado em certidão de nascimento como Hippolyte Léon Denizard Rivail, adotou o pseudônimo Allan Kardec aos 52 anos, quando publicou a 1ª edição de O Livro dos Espíritos, em Paris, França.

Homem de grande inteligência e sensatez, aplicou todos os seus dotes intelectuais na investigação e pesquisa dos fenômenos mediúnicos que sobejaram o planeta por ocasião do meado do século XIX.

Encarnado para a grande missão de concretizar em livros a divina Revelação dos Espíritos, que relembraria os ensinamentos de Jesus, bem como esclareceria outros que atravessaram os séculos sem o devido entendimento das leis que regem o Espírito e sua vida imortal.

A vida de Hippolyte Léon Denizard Rivail é uma prova viva da preparação que deveria ter para se tornar Allan Kardec, o missionário divino que escreveria a mais completa, mais lógica e grandiosa filosofia da nossa humanidade.

A lei do esquecimento do passado, que atua providencialmente nos encarnados, evidentemente o manteve ignorante da missão enquanto desperto, em vigília. Contudo, muito certo é que deve ter sido conduzido, intuitivamente, pelo compromisso assumido enquanto Espírito antes de reencarnar, tão certo quanto a assistência constante, eficiente e amorosa do seu anjo guardião e de outros amigos espirituais.

Assim preparado, fez contato, observou, investigou, pesquisou e concretizou, com sua escrita irrepreensível, tudo o que apreendeu dos muitos Espíritos que participaram dessa obra divina.

Alguns biógrafos nos presenteiam com informações e detalhes da vida desse nobre homem: Henri Sausse, Marcel Souto Maior, Zêus Vantuil e Francisco Thiesen são alguns que sentiram a honra e o prazer de escrever sobre Allan Kardec. É relevante que todo espírita leia sobre sua vida para ter ideia da sua importância para o advento do Espiritismo.

Contudo, é lendo as 23 obras que Allan Kardec escreveu que podemos perceber o quão elevado era seu Espírito. A sua linguagem precisa e lógica, isenta de prolixidade e misticismos, nos possibilita a compreensão do verdadeiro Espiritismo, com base no ensino universal dos Espíritos. Nada em suas obras ficou sem ser investigado e atestado mediante a mais rigorosa lógica e razão, e nenhuma teoria foi escrita que não tivesse sido exaustivamente questionada e todas as questões solucionadas.

Dentre as suas 23 valiosas obras encontramos os livros intitulados Revista Espírita. A Revista Espírita foi publicada mensalmente por Kardec de janeiro de 1858 a abril de 1869, cujos fascículos mensais foram agrupados por ano de publicação, pelas editoras brasileiras, formando assim 12 volumes com as mais variadas informações sobre a construção da Doutrina Espírita, como diálogos com os Espíritos, notícias temporais sobre fatos que podiam ser esclarecidos à luz dos princípios doutrinários, criticas de pessoas que se manifestavam contra o Espiritismo e as sábias e respeitosas respostas de Kardec. Encontramos também diversas dissertações de Espíritos elevados, bem como as excelentes explicações de Kardec às dúvidas que chegavam até ele via cartas. E muitos outros assuntos com relevância na construção das obras fundamentais espíritas.

As Revistas Espíritas também fornecem material precioso que nos faz perceber o quão nobre e encantador era o caráter do missionário Allan Kardec. Vamos perceber o quanto ele era respeitado e estimado pelos companheiros, pelos leitores e estudiosos e principalmente pelos próprios Espíritos superiores que participavam desse projeto divino. O tratamento comum que davam a ele era de “mestre”, num reconhecimento ao seu saber e liderança. Até mesmo nos emocionando com algumas declarações de reconhecimento da sua superioridade espiritual por alguns Espíritos elevados, companheiros na missão[1]. Ou ainda pela declaração do próprio Espírito de Verdade[2], no livro Obras Póstumas, ao anunciar que estava como seu protetor espiritual para o orientar na construção de tão preciosa doutrina. Por tudo isso concluímos que Allan Kardec era um Espírito superior, escolhido para realização de tão grandiosa missão.

O homem Allan Kardec foi a encarnação de um Espírito superior que realizou sua missão com todo zelo e perfeição. Supor que Kardec poderia ter falhado é tão desnecessário quanto improdutivo, pois sequer supõem tal opção aqueles que o leem e o compreendem.

Leiamos as obras fundamentais escritas por Allan Kardec. No portal www.kardecpedia.com encontramos todas as 23 obras para leitura e pesquisa.

Viva a Allan Kardec!

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Obs: O Livro Obras Póstumas contém escritos de Kardec que ele nunca publicara. Os participantes remanescentes da Sociedade pariense de estudos espíritas, publicaram estes escritos 22 anos após sua morte.

[1]Um Espírito encarnado foi escolhido para vos dirigir, para vos conduzir. Submetei-vos com respeito, não às suas leis, pois ele não dá ordens, mas aos seus desejos.” – Santo Agostinho. https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/896/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1862/5247/agosto/sociedade-espirita-de-constantina

[2] “No dia seguinte, como houvesse sessão em casa do Sr. Baudin, narrei o fato e pedi que mo explicassem.

Pergunta — Ouvistes, sem dúvida, o relato que acabo de fazer; poderíeis dizer-me qual a causa daquelas pancadas que se fizeram ouvir com tanta persistência?
Resposta — Era o teu Espírito familiar.
P. — Com que fim foi ele bater daquele modo?
R. — Queria comunicar-se contigo.
P. — Poderíeis dizer-me quem é ele?
R. — Podes perguntar-lhe a ele mesmo, pois que está aqui.

NOTA — Nessa época, ainda se não fazia distinção nenhuma entre as diversas categorias de Espíritos simpáticos. Dava-se a todos a denominação de Espíritos familiares.
P. — Meu Espírito familiar, quem quer que tu sejas, agradeço-te o me teres vindo visitar. Consentirás em dizer-me quem és?
R. — Para ti, chamar-me-ei A Verdade e todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei à tua disposição.
P. — O nome Verdade, que adotaste, constitui uma alusão à verdade que eu procuro?
R. — Talvez; pelo menos, é um guia que te protegerá e ajudará.

“Caro Mestre... Ao te escolherem, os Espíritos conheciam a solidez das tuas convicções e sabiam que a tua fé, qual muro de aço, resistiria a todos os ataques.” – Erasto. – Obras póstumas = 2ª parte - A minha primeira iniciação no Espiritismo.

“E vós, caro mestre, que Deus abençoe os vossos trabalhos.” – São Luís - https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/900/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1866/5931/marco/mediunidade-mental

NOTA de KARDEC — A proteção desse Espírito, cuja superioridade eu então estava longe de imaginar, jamais, de fato, me faltou. A sua solicitude e a dos bons Espíritos que agiam sob suas ordens, se manifestou em todas as circunstâncias da minha vida, quer a me remover dificuldades materiais, quer a me facilitar a execução dos meus trabalhos, quer, enfim, a me preservar dos efeitos da malignidade dos meus antagonistas, que foram sempre reduzidos à impotência. Se as tribulações inerentes à missão que me cumpria desempenhar não me puderam ser evitadas, foram sempre suavizadas e largamente compensadas por muitas satisfações morais gratíssimas.

PERISPÍRITO - Propriedades 2ª parte - Power Point

PERISPÍRITO - Propriedades 2 

PERISPÍRITO - Propriedades 1ª parte - Power Point

PERISPÍRITO - Propriedades 1 

PERISPÍRITO - Formação e Natureza PowerPoint

 PERISPÍRITO - Formação e Natureza

PERISPÍRITO - Conceito e Importância em PowerPoint

PERISPÍRITO - Conceito e Importância

PERISPÍRITO - Formação e Natureza

Conteúdo:


1. DO QUE É FORMADO O PERISPÍRITO?

Para se compreender a natureza do corpo espiritual do Espírito, denominado por Allan Kardec de perispírito, necessário se faz que o estudioso da Doutrina Espírita faça primeiro a leitura do texto sobre Conceito e Importância do Perispírito.

Assim, iniciamos nosso estudo sobre a NATUREZA DO PERISPÍRITO, trazendo a seguinte informação:

 “É semimaterial esse envoltório, isto é, pertence à matéria pela sua origem e à espiritualidade pela sua natureza etérea”.

Inicialmente vamos investigar o que significa ser envoltório semimaterial.

Semimaterial, isto é, de natureza intermédia entre o Espírito e o corpo[1]. É preciso que seja assim para que os dois se possam comunicar um com o outro. Por meio desse laço é que o Espírito atua sobre a matéria e reciprocamente.”

Sobre a natureza do corpo físico todos nós temos conhecimento: é a nossa matéria. Mas, qual é a natureza do Espírito? Se a natureza do perispírito fica entre uma e outra, necessário se torna a compreensão da natureza do Espírito.

Vejamos o que os Espíritos nos informaram a este respeito:

O Livro dos Espíritos > Parte segunda - Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo I - Dos Espíritos > Origem e natureza dos Espíritos. > 82
“82. Será certo dizer-se que os Espíritos são imateriais?
Como se pode definir uma coisa, quando faltam termos de comparação, e com uma linguagem deficiente? Pode um cego de nascença definir a luz? Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos.”

Saber que a natureza do perispírito é intermediária entre a natureza do corpo e a do Espírito ainda nos deixa com uma ideia muito abstrata. Além de não termos ideia do quão etérea é a natureza do Espírito, mas também porque acrescentamos a indagação se a natureza do perispírito se aproxima mais da do corpo ou do Espírito.

Vamos trazer o seguinte texto sobre os estados inumeráveis da matéria que se originam da matéria prima do Universo que é o Fluido Cósmico Universal, para nos ajudar a compreender um pouco mais sobre a natureza do perispírito:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV - Os fluidos > I - Natureza e propriedade dos fluidos > Elementos fluídicos
“2. O fluido cósmico universal é, como já foi demonstrado, a matéria elementar primitiva, cujas modificações e transformações constituem a inumerável variedade dos corpos da Natureza. (Cap. X.) Como princípio elementar do Universo, ele assume dois estados distintos: o de eterização ou imponderabilidade, que se pode considerar o primitivo estado normal, e o de materialização ou de ponderabilidade, que é, de certa maneira, consecutivo àquele. O ponto intermédio é o da transformação do fluido em matéria tangível. Mas, ainda aí, não há transição brusca, porquanto podem considerar-se os nossos fluidos imponderáveis como termo médio entre os dois estados.”
“3. No estado de eterização, o fluido cósmico não é uniforme; sem deixar de ser etéreo, sofre modificações tão variadas em gênero e mais numerosas talvez do que no estado de matéria tangível.”
“5. A pureza absoluta, da qual nada nos pode dar ideia, é o ponto de partida do fluido universal; o ponto oposto é o em que ele se transforma em matéria tangível. Entre esses dois extremos, dão-se inúmeras transformações, mais ou menos aproximadas de um e de outro.”

Observemos a seguinte figura:


A figura acima tem a intenção didática de tentar distinguir os três estados mencionados nos textos acima, que são:
  • o ponto de pureza absoluta;
  • o estado intermediário (estado de eterização para o estado de materialização);
  • o ponto de tangibilidade.

Assim, tomando-se a faixa de coloração graduada como a representação do Fluido Cósmico Universal (modificado em infinitas variações), tentamos dar a visão do estado etéreo, ou fluídico, e o de materialização ou de ponderabilidade. E, embora não seja uma transformação brusca, assinalamos o ponto intermediário para ilustrar quando a matéria etérea ou fluido, passa para o estado tangível, ou ponderável.

Para concluirmos a questão de qual a natureza do perispírito, Allan Kardec, ainda no mesmo capítulo XIV de A gênese, nos presenteia com a seguinte reflexão:

"7. O perispírito, ou corpo fluídico dos Espíritos, é um dos mais importantes produtos do fluido cósmico; é uma condensação desse fluido em torno de um foco de inteligência ou alma. Já vimos que também o corpo carnal tem seu princípio de origem nesse mesmo fluido condensado e transformado em matéria tangível. No perispírito, a transformação molecular se opera diferentemente, porquanto o fluido conserva a sua imponderabilidade e suas qualidades etéreas. O corpo perispirítico e o corpo carnal têm, pois, origem no mesmo elemento primitivo; ambos são matéria, ainda que em dois estados diferentes."

De posse dessa valiosa informação e tendo acima a figura orientativa dos estados do fluido cósmico universal, indagamos: onde situaríamos o perispírito na nossa faixa representativa do fluido cósmico universal? Vejamos a figura abaixo:

Enfim, embora ainda não tenhamos informações científicas para caracterizar a matéria fluídica do perispírito, podemos fazer uma ideia bem menos abstrata da sua natureza.

A nossa reflexão agora se depara com outro questionamento:


2. COMO SE FORMA O PERISPÍRITO?

“94. De onde tira o Espírito o seu envoltório semimaterial?
Do fluido universal de cada globo, razão por que não é idêntico em todos os mundos. Passando de um mundo a outro, o Espírito muda de envoltório, como mudais de roupa.”
“a) – Assim, quando os Espíritos que habitam mundos superiores vêm ao nosso meio, tomam um perispírito mais grosseiro?
É necessário que se revistam da vossa matéria, já o dissemos.”

A seguinte explicação de Kardec, ainda no mesmo capítulo XIV de A Gênese, carece de qualquer complemento. Vejamos:

"5.(...) Os fluidos mais próximos da materialidade, os menos puros, conseguintemente, compõem o que se pode chamar a atmosfera espiritual da Terra. É desse meio, onde igualmente vários são os graus de pureza, que os Espíritos encarnados e desencarnados, deste planeta, haurem os elementos necessários à economia de suas existências. Por muito sutis e impalpáveis que nos sejam esses fluidos, não deixam por isso de ser de natureza grosseira, em comparação com os fluidos etéreos das regiões superiores."

Chamamos a atenção para o termo fluido grifado acima.
Kardec informa que os fluidos mais próximos à materialidade, ou seja, os mais próximos da matéria já no estado tangível, compõe o que se chama de atmosfera espiritual da Terra.  E que é desse fluido que os Espíritos retiram os elementos para formar o seu perispírito.
Ou seja, sendo esse fluido a matéria etérea, a atmosfera espiritual da Terra é formada de matéria etérea. A mesma matéria etérea que é formado o perispírito.

Segue outra representação da atmosfera espiritual da Terra, (não mais situando a sua natureza na faixa representativa do fluido cósmico, mas sim envolvendo a Terra).


                                                              As cores dos perispíritos é apenas uma representação didática 

3. ESTABELECER A RELAÇÃO DA NATUREZA DO PERISPÍRITO COM O ESTADO MORAL DO ESPÍRITO.

Sabemos que um dos princípios da Doutrina Espírita é a Pluralidade dos mundos habitados, ou seja, o Universo possui infinitos mundos onde vivem Espíritos encarnados e desencarnados. Assim, perguntamos: A atmosfera espiritual de todos os mundos é a mesma? Vejamos ainda em A Gênese, cap. XIV:

"8. Do meio onde se encontra é que o Espírito extrai o seu perispírito, isto é, esse envoltório ele o forma dos fluidos ambientes. Resulta daí que os elementos constitutivos do perispírito naturalmente variam, conforme os mundos. Dando-se Júpiter como orbe muito adiantado em comparação com a Terra, como um orbe onde a vida corpórea não apresenta a materialidade da nossa, os envoltórios perispirituais hão de ser lá de natureza muito mais quintessenciada do que aqui. Ora, assim como não poderíamos existir naquele mundo com o nosso corpo carnal, também os nossos Espíritos não poderiam nele penetrar com o perispírito terrestre que os reveste. Emigrando da Terra, o Espírito deixa aí o seu invólucro fluídico e toma outro apropriado ao mundo onde vai habitar."

Que informações extraordinárias! Quais deduções fazemos? Exatamente as que estão neste próximo texto:

"9. A natureza do envoltório fluídico está sempre em relação com o grau de adiantamento moral do Espírito. Os Espíritos inferiores não podem mudar de envoltório a seu bel-prazer, pelo que não podem passar, à vontade, de um mundo para outro. Alguns há, portanto, cujo envoltório fluídico, se bem que etéreo e imponderável com relação à matéria tangível, ainda é por demais pesado, se assim nos podemos exprimir, com relação ao mundo espiritual, para não permitir que eles saiam do meio que lhes é próprio.

"Os Espíritos superiores, ao contrário, podem vir aos mundos inferiores, e, até encarnar neles. Tiram, dos elementos constitutivos do mundo onde entram, os materiais para a formação do envoltório fluídico ou carnal apropriado ao meio em que se encontrem. Fazem como o nobre que despe temporariamente suas vestes, para envergar os trajes plebeus, sem deixar por isso de ser nobre.

 "10. (...) Os Espíritos chamados a viver naquele meio tiram dele seus perispíritos; porém, conforme seja mais ou menos depurado o Espírito, seu perispírito se formará das partes mais puras ou das mais grosseiras do fluido peculiar ao mundo onde ele encarna."

Na figura acima, as cores dos perispíritos é uma representação didática para mostrar que, mesmo sendo todos formados do mesmo meio, eles variam conforme a evolução moral de cada Espírito.

Concluímos esse texto com a explicação seguinte, que encerra a sabedoria divina, leis que regulam em harmonia esse Universo infinito:

"10. (...) Resulta disso este fato capital: a constituição íntima do perispírito não é idêntica em todos os Espíritos encarnados ou desencarnados que povoam a Terra ou o espaço que a circunda. O mesmo já não se dá com o corpo carnal, que, como foi demonstrado, se forma dos mesmos elementos, qualquer que seja a superioridade ou a inferioridade do Espírito. Por isso, em todos, são os mesmos os efeitos que o corpo produz, semelhantes as necessidades, ao passo que diferem em tudo o que respeita ao perispírito.

Também resulta que: o envoltório perispirítico de um Espírito se modifica com o progresso moral que este realiza em cada encarnação, embora ele encarne no mesmo meio; que os Espíritos superiores, encarnando excepcionalmente, em missão, num mundo inferior, têm perispírito menos grosseiro do que o dos indígenas desse mundo."

 

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Ver este texto também em Roteiros de Estudos do IDEAK


Obras utilizadas:

1.  O Livro dos Espíritos
2.  A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo
 

Sugestões de Materiais Complementares

7 - Origem, Forma, Perispírito - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - SEGUNDA PARTE – com Cosme Massi

 

O perispírito - Seminário com Cosme Massi


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[1] Todos os grifos são nossos.

DEUS

Conteúdo: 

DEUS é o princípio primordial da Doutrina Espírita. A fé em Deus, em sua providência e a compreensão que suas leis regem o Universo, sustentam todos os outros princípios do Espiritismo. É sobre Deus a primeira questão enumerada do primeiro livro fundamental do Espiritismo, O Livro dos Espíritos. Questão que Allan Kardec faz, sob forte inspiração e compreensão do ensino dado pelos Espíritos:

Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas”.
“Que é Deus?
 
Uma resposta curta e grandiosa, que nos remete à compreensão de Deus como criador de todas as criaturas inteligentes do Universo, bem como a causa da existência de todo universo material.

Na questão 27 de O Livro dos Espíritos, temos a oportunidade de compreender ao que alude essa resposta acima:


O Livro dos Espíritos > Parte primeira — Das causas primárias > Capítulo II - Dos elementos gerais do universo > Espírito e matéria. > 27
“Há então dois elementos gerais do universo: a matéria e o espírito?
Sim, e acima de tudo Deus, o criador, o pai de todas as coisas. Deus, espírito e matéria constituem o princípio de tudo o que existe, a trindade universal.”
 

Após essa conceituação, que nos traz uma forma primorosa para se entender o que é Deus, Kardec vai inquirir sobre as provas da Sua existência: 


 “Onde se pode encontrar a prova da existência de Deus?
Num axioma que aplicais às vossas ciências: Não há efeito sem causa. Procurai a causa de tudo o que não é obra do homem e a vossa razão responderá.”

Comentário de Kardec nesta questão:

“Para crer-se em Deus, basta se lance o olhar sobre as obras da criação. O universo existe, logo tem uma causa. Duvidar da existência de Deus é negar que todo efeito tem uma causa e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.”

E mais:

O Livro dos Espíritos > Parte primeira — Das causas primárias > Capítulo I - De Deus > Provas da existência de Deus. > 9
“Em que é que, na causa primária, se revela uma inteligência suprema e superior a todas as inteligências?
Tendes um provérbio que diz: Pela obra se reconhece o autor. Pois bem: vede a obra e procurai o autor. O orgulho é que gera a incredulidade. O homem orgulhoso nada admite acima de si. Por isso é que ele se denomina a si mesmo de espírito forte. Pobre ser, que um sopro de Deus pode abater!”

Kardec acrescenta, comentando:

“Do poder de uma inteligência se julga pelas suas obras. Não podendo nenhum ser humano criar o que a natureza produz, a causa primária é, conseguintemente, uma inteligência superior à humanidade.”

Além dessa prova racional, Kardec vai investigar sobre o sentimento que nos faz ter a certeza da existência de Deus:


O Livro dos Espíritos > Parte primeira — Das causas primárias > Capítulo I - De Deus > Provas da existência de Deus. > 5
“Que consequência se pode tirar do sentimento intuitivo que todos os homens trazem em si da existência de Deus?
A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não tivesse uma base? É ainda uma consequência do princípio de que não há efeito sem causa.”

Mesmo com a resposta da questão de nº5 acima, Kardec continua a inquirir dos Espíritos:

O Livro dos Espíritos > Parte primeira — Das causas primárias > Capítulo I - De Deus > Provas da existência de Deus. > 6
“O sentimento íntimo que temos da existência de Deus não poderia ser fruto da educação, resultado de ideias adquiridas?
Se assim fosse, por que existiria nos vossos selvagens esse sentimento?”

Comentário de Kardec nesta questão:

“Se o sentimento da existência de um ser supremo fosse tão somente produto de um ensino, não seria universal e não existiria senão nos que houvessem podido receber esse ensino, conforme se dá com as noções científicas.”

Um dos princípios da Doutrina Espírita, que é uma lei divina, é a Imortalidade da Alma. Somos Espíritos imortais, que já vivemos muitas vidas, e que trazemos, por intuição, o sentimento da certeza da divindade, tantas vezes percebida por nós em nossos períodos de erraticidade e de emancipação da alma, e que o corpo material nos faz manter no esquecimento providencial enquanto encarnados.

Na questão 10, do mesmo livro, temos uma resposta que, para ser compreendida, requer, além da nossa fé e inteligência, a nossa humildade:


O Livro dos Espíritos > Parte primeira — Das causas primárias > Capítulo I - De Deus > Atributos da divindade. > 10
“Pode o homem compreender a natureza íntima de Deus?
Não; falta-lhe para isso um sentido.”
 

E na questão seguinte vem o consolo para nós, suas criaturas imortais:

 
O Livro dos Espíritos > Parte primeira — Das causas primárias > Capítulo I - De Deus > Atributos da divindade. > 11
“Será dado um dia ao homem compreender o mistério da Divindade?
 Quando não mais tiver o espírito obscurecido pela matéria e, pela sua perfeição, se houver aproximado de Deus, ele o verá e compreenderá.”

Lembrando que o Espírito perfeito é classificado por Kardec como de primeira ordem da escala espírita.  Não sofre influência da matéria e possui superioridade intelectual e moral absoluta em relação aos Espíritos das outras ordens. Que não é suscetível de passar mais por provas, e que, assim como os Espíritos da 2ª ordem, não têm nenhum mau sentimento, como egoísmo, orgulho, inveja, ciúme, raiva, vaidade, etc., sentimentos que são comuns à quase totalidade de nós, Espíritos de 3ª ordem. Espíritos puros são virtuosos em plenitude.
 

No 2º capítulo do livro A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo, encontramos Kardec discorrendo sobre Deus.


A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > A Gênese > Capítulo II - Deus > Da natureza divina > 8
“Não é dado ao homem sondar a natureza íntima de Deus. Para compreendê-lo, ainda nos falta o sentido próprio, que só se adquire por meio da completa depuração do Espírito. Mas, se não pode penetrar na essência de Deus, o homem, desde que aceite como premissa a sua existência, pode, pelo raciocínio, chegar a conhecer-lhe os atributos necessários, porquanto, vendo o que ele absolutamente não pode ser, sem deixar de ser Deus, deduz daí o que ele deve ser.

Sem o conhecimento dos atributos de Deus, impossível seria compreender-se a obra da criação. Esse o ponto de partida de todas as crenças religiosas e é por não se terem reportado a isso, como ao farol capaz de as orientar, que a maioria das religiões errou em seus dogmas. As que não atribuíram a Deus a onipotência, imaginaram muitos Deuses; as que não lhe atribuíram soberana bondade fizeram dele um Deus cioso, colérico, parcial e vingativo.”

E quais são os atributos de Deus?

 
A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > A Gênese > Capítulo II - Deus > Da natureza divina
“Deus é a suprema e soberana inteligência. É limitada a inteligência do homem, pois que não pode fazer, nem compreender tudo o que existe. A de Deus, abrangendo o infinito, tem que ser infinita.

Deus é eterno, isto é, não teve começo e não terá fim. Se tivesse tido princípio, houvera saído do nada. Ora, não sendo o nada coisa alguma, coisa nenhuma pode produzir. Ou, então, teria sido criado por outro ser anterior e, nesse caso, este ser é que seria Deus.

Deus é imutável. Se estivesse sujeito a mudanças, nenhuma estabilidade teriam as leis que regem o Universo.

Deus é imaterial, isto é, a sua natureza difere de tudo o que chamamos matéria. De outro modo, não seria imutável, pois estaria sujeito às transformações da matéria.

Deus é onipotente. Se não possuísse o poder supremo, sempre se poderia conceber uma entidade mais poderosa e assim por diante, até chegar-se ao ser cuja potencialidade nenhum outro ultrapassasse. Esse então é que seria Deus.

Deus é soberanamente justo e bom. A providencial sabedoria das leis divinas se revela nas mais pequeninas coisas, como nas maiores, não permitindo essa sabedoria que se duvide da sua justiça, nem da sua bondade.

Deus é infinitamente perfeito. É impossível conceber-se Deus sem o infinito das perfeições, sem o que não seria Deus, pois sempre se poderia conceber um ser que possuísse o que lhe faltasse.

Deus é único. A unicidade de Deus é consequência do fato de serem infinitas as suas perfeições.”

Conhecemos os atributos de Deus e o sentimos em nosso coração, o amamos e temos fé n’Ele.

Allan Kardec, em sua obra Revista Espírita, de maio de 1866, traz um texto inédito, utilizando-se de conceitos doutrinários, rico em analogias, e nos permite, por enquanto, ter uma ideia mais real da divindade, dentro da nossa capacidade evolutiva. Segue:


Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos - 1866 > Maio > Deus está em toda parte
“Deus está em toda parte.

Como é que Deus, tão grande, tão poderoso, tão superior a tudo, pode imiscuir-se em detalhes ínfimos, preocupar-se com os menores atos e os menores pensamentos de cada indivíduo? Tal é a pergunta feita muitas vezes.

Em seu estado atual de inferioridade, só dificilmente os homens podem compreender Deus infinito, porque eles próprios são circunscritos, limitados e por isto o configuram circunscrito e limitado, como eles mesmos; representando-o como um ser circunscrito, dele fazem uma imagem à sua imagem. (...) É para a maioria um soberano poderoso, sobre um trono inacessível, perdido na imensidade dos céus, e porque suas faculdades e suas percepções são restritas, eles não compreendem que Deus possa ou se digne intervir diretamente nas menores coisas.

Na impotência em que se acha o homem de compreender a essência da divindade, não pode fazer senão uma ideia aproximada, auxiliado por comparações necessariamente muito imperfeitas, mas que, ao menos, lhe podem mostrar a possibilidade do que, à primeira vista, lhe parece impossível.

Suponhamos um fluido bastante sutil para penetrar todos os corpos. (...) Não sendo inteligente, esse fluido age mecanicamente apenas pelas forças materiais. Mas se supusermos esse fluido dotado de inteligência, de facilidades perceptivas e sensitivas, ele agirá, não mais cegamente, mas com discernimento, com vontade e liberdade; verá, ouvirá e sentirá.

As propriedades do fluido perispiritual nos podem dar uma ideia. Ele não é inteligente por si mesmo, porque é matéria, mas é o veículo do pensamento, das sensações e das percepções do Espírito; é em consequência da sutileza desse fluido que os Espíritos penetram por toda parte, perscrutam os nossos pensamentos, que veem e agem à distância; é a esse fluido, chegado a um certo grau de depuração, que os Espíritos superiores devem o dom da ubiquidade[3]; basta um raio de seu pensamento dirigido para diversos pontos, para que eles possam aí manifestar sua presença simultânea. A extensão dessa faculdade está subordinada ao grau de elevação e de depuração do Espírito.

Mas os Espíritos, por mais elevados que sejam, são criaturas limitadas em suas faculdades. Seu poder e a extensão de suas percepções não poderiam, sob este ponto de vista, se aproximar de Deus. Contudo podem servir de ponto de comparação. O que o Espírito não pode realizar senão num limite restrito, Deus, que é infinito, o realiza em proporções infinitas. Há ainda, como diferença, que a ação do Espírito é momentânea e subordinada às circunstâncias, ao passo que a de Deus é permanente; o pensamento do Espírito só abarca um tempo e um espaço circunscritos, enquanto o de Deus abarca o Universo e a eternidade. Numa palavra, entre os Espíritos e Deus há a distância do finito ao infinito.

(...) Seja ou não seja assim o pensamento de Deus, isto é, que ele aja diretamente ou por intermédio de um fluido, para a facilidade de nossa compreensão representamos esse pensamento sob a forma concreta de um fluido inteligente, enchendo o Universo infinito, penetrando todas as partes da criação. A Natureza inteira está mergulhada no fluido divino; tudo está submetido à sua ação inteligente, à sua previdência, à sua solicitude; nenhum ser, por mais ínfimo que seja, deixa de estar, de certo modo, dele saturado.

Assim, estamos constantemente em presença da divindade; não há uma só de nossas ações que possamos subtrair ao seu olhar; nosso pensamento está em contato com o seu pensamento, e é com razão que se diz que Deus lê os nossos mais profundos refolhos do coração; estamos nele como ele em nós, segundo a palavra do Cristo. Para estender sua solicitude às menores criaturas, ele não tem necessidade de mergulhar seu olhar do alto da imensidade, nem de deixar a morada de sua glória, pois essa morada está em toda parte. Para serem ouvidas por ele, nossas preces não necessitam transpor o espaço, nem serem ditas com voz retumbante, porque, incessantemente penetrados por ele, nossos pensamentos nele repercutem.

A imagem de um fluido inteligente universal evidentemente não passa de uma comparação, mas própria a dar uma ideia mais justa de Deus que os quadros que o representam sob a figura de um velho de longas barbas, envolto num manto. (...)A ideia de um fluido universal inteligente, penetrando tudo, ─ como seria o fluido luminoso, o fluido calórico, o fluido elétrico ou quaisquer outros, se eles fossem inteligentes, ─ tem o objetivo de fazer compreender a possibilidade para Deus de estar em toda parte, de ocupar-se de tudo, de velar pelo broto da erva como pelos mundos.

(...) Se simples Espíritos têm o dom da ubiquidade, essa faculdade, para Deus, deve ser sem limites. Enchendo Deus o Universo, poder-se-ia admitir, a título de hipótese, que esse foco não necessita transportar-se, e que ele se forme em todos os pontos onde sua soberana vontade julgue a propósito produzir-se, de onde se poderia dizer que ele está em toda parte e em parte alguma.

Diante destes problemas insondáveis, nossa razão deve humilhar-se. Deus existe: não poderíamos duvidar; ele é infinitamente justo e bom: é sua essência; sua solicitude se estende a tudo: nós o compreendemos agora; incessantemente em contato com ele, podemos orar a ele com a certeza de ser ouvidos; ele não pode querer senão o nosso bem, por isso devemos ter confiança nele. Eis o essencial."

Quanto ao mais, ocupemo-nos em crescer em moralidade, adquirindo virtudes, combatendo e eliminando nossos vícios morais, como egoísmo, inveja, ciume, mágoa, raiva, etc., para que sejamos dignos de compreendê-Lo cada vez mais.

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Ver este texto também em Roteiros de Estudos do IDEAK


Obras utilizadas:
 

O Livro dos Espíritos
A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo
Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos
O Céu e o Inferno
Instruções práticas sobre as manifestações espíritas


 Sugestões de Materiais Complementares

https://www.kardecplay.net/pt

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[1] Todos os grifos são nossos
[2] Axioma = “Evidência cuja comprovação é dispensável por ser óbvia; princípio evidente por si mesmo.” - https://www.dicio.com.br/axioma/
[3] O Livro dos Espíritos. Q. 92. “Têm os Espíritos o dom da ubiquidade? Por outras palavras: um Espírito pode dividir-se, ou existir em muitos pontos ao mesmo tempo?

Não pode haver divisão de um mesmo Espírito; mas cada um é um centro que irradia para diversos lados. Isso é que faz parecer estar um Espírito em muitos lugares ao mesmo tempo. Vês o Sol? É um somente. No entanto, irradia em todos os sentidos e leva muito longe os seus raios. Contudo, não se divide.”

PERISPÍRITO - Conceito e Importância

    Conteúdo:

Por toda a história da humanidade se perpetuam lendas, mitos, contos populares, a respeito de aparições de “almas do outro mundo”. Conhecidos como “fantasmas”  na crença popular, relatadas como “aparições” em muitos livros de religiões diversas, essas aparições são, na verdade, uma forma de manifestação dos Espíritos, ou almas de pessoas mortas, que se revelam para os vivos de maneiras diversas.

A Doutrina Espírita torna perfeitamente compreensível o que de real existe nessas histórias e desmistifica a ideia do maravilhoso, do sobrenatural, que permeou todos os relatos de manifestações dos Espíritos, e demonstra que fenômenos de comunicação entre os vivos e os mortos é uma lei da natureza. Essa demonstração, realizada através de uma argumentação racional e lógica, baseada na ciência da observação, é um dos princípios da Doutrina Espírita, desenvolvidos por Allan Kardec, em suas 23 obras fundamentais.  

Vejamos:

“Assim foi que, de observação em observação, se chegou ao reconhecimento de que esse ser invisível, a que deram o nome de Espírito(a), não é senão a alma dos que viveram corporalmente, aos quais a morte arrebatou o grosseiro invólucro visível (b), deixando-lhes apenas um envoltório etéreo(c), invisível no seu estado normal.”

O que significa cada termo grifado acima?

Na Introdução de O Livro dos Espíritos, Kardec faz um excelente resumo sobre os seguintes termos:

“Há no homem três coisas:
1°, o corpo ou ser material(d) análogo aos animais e animado pelo mesmo princípio vital;
2°, a alma ou ser imaterial (e), Espírito* encarnado no corpo;
3°, o laço que prende a alma ao corpo(f), princípio intermediário entre a matéria e o Espírito (g)."

*para maior compreensão sobre Espírito, o leitor deve ler as questões 76 a 83 de O Livro dos EspíritosNa questão 76, encontramos a seguinte nota feita por Allan Kardec:

“NOTA: A palavra Espírito(a) é empregada aqui para designar as individualidades dos seres extracorpóreos(h) e não mais o elemento inteligente universal.”

Assim podemos interligar as palavras grifadas dos textos acima e definir que:
·     grosseiro invólucro visível(b) é o corpo ou ser material (d) (ou corpo físico do homem).
·     Espírito(a) é o que Kardec definiu como sendo a alma ou ser imaterial(e) ou ainda individualidades dos seres extracorpóreos(h)
·     E o envoltório etéreo(c)? Seria o laço que prende a alma ao corpo(f)? O intermediário entre a matéria corporal e o Espírito(g)?

 
1. DEFINIÇÃO DE PERISPÍRITO:

 Na sequência da Introdução ao estudo da Doutrina Espírita item VI - em O Livro dos Espíritos, Kardec escreve:

“O laço ou perispírito, que une o corpo e o Espírito, é uma espécie de envoltório semimaterial. A morte é a destruição do envoltório mais grosseiro [o corpo físico]. O Espírito conserva o segundo, que lhe constitui um corpo etéreo, invisível para nós no estado normal, porém que pode tornar-se acidentalmente visível e mesmo tangível, como sucede no fenômeno das aparições.”

Kardec explora sobre o laço ou perispírito ou corpo etéreo no seguinte texto:

“93. O Espírito, propriamente dito, nenhuma cobertura tem, ou, como pretendem alguns, está sempre envolto numa substância qualquer?
“Envolve-o uma substância, vaporosa para ti, mas ainda bastante grosseira para nós; assaz vaporosa, entretanto, para poder elevar-se na atmosfera e transportar-se aonde queira.”

Na sequência da questão 93, Kardec faz a seguinte e sábia analogia, concretizando a ideia:

“Envolvendo o gérmen de um fruto, há o perisperma; do mesmo modo, um envoltório que, por comparação, se pode chamar perispírito, envolve o Espírito propriamente dito.”

Kardec complementa o conceito de perispírito em outras das suas obras fundamentais:

"Perispírito (Do grego — peri — em torno.) — Envoltório semimaterial do Espírito. Nos encarnados, serve de intermediário entre o Espírito e a matéria; nos Espíritos errantes, constitui o corpo fluídico do Espírito."

"4. Os Espíritos são seres individuais; têm um envoltório etéreo, imponderável, chamado perispírito, espécie de corpo fluídico, tipo da forma humana."
 
O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Primeira parte — Noções preliminares > Capítulo I — Há Espíritos? > 3
“Figuremos, primeiramente, o Espírito em união com o corpo. Ele é o ser principal, pois que é o ser que pensa e sobrevive. O corpo não passa de um acessório seu, de um invólucro, uma veste, que ele deixa, quando usada. Além desse invólucro material, tem o Espírito um segundo, semimaterial, que o liga ao primeiro. Por ocasião da morte, despoja-se deste, porém não do outro, a que damos o nome de perispírito."
 
"4. ─ Quando a alma está unida ao corpo, durante a vida, tem um envoltório duplo: um pesado, grosseiro e destrutível, que é o corpo; outro fluídico, leve e indestrutível, chamado perispírito. O perispírito é o elo que une a alma ao corpo."
 
"55. Hão dito que o Espírito é uma chama, uma centelha. (...) ... o Espírito está sempre revestido de um envoltório, ou perispírito, cuja natureza se eteriza, à medida que ele se depura e eleva na hierarquia espiritual. De sorte que, para nós, a ideia de forma é inseparável da de Espírito e não concebemos uma sem a outra. O perispírito faz, portanto, parte integrante do Espírito, como o corpo o faz do homem. Porém, o perispírito, só por só, não é o Espírito, do mesmo modo que só o corpo não constitui o homem, porquanto o perispírito não pensa. Ele é para o Espírito o que o corpo é para o homem: o agente ou instrumento de sua ação."
 
"A alma não se reveste do perispírito apenas no estado de Espírito; ela é inseparável desse envoltório, que a segue tanto na encarnação quanto na erraticidade."
 

Portanto, podemos concluir:
Perispírito é o corpo inseparável do Espírito. É fluídico, etéreo, possui forma humana e envolve o Espírito tanto quando está encarnado ou desencarnado. Ele é o instrumento pelo qual o Espírito age.
·     Temos mais informações para saber sobre o Perispírito?
·     Resposta: Sim!
 O Perispírito é um dos temas mais ricos e importantes do Espiritismo. Através das obras fundamentais, vamos aprender, neste estudo, um pouco mais sobre ele.

 
2. A IMPORTÂNCIA DO PERISPÍRITO

 Inicialmente analisemos a seguinte questão:

·     Por que a alma, que é o ser pensante, necessita de um corpo fluídico, que não pensa?

“Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo­-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual, de certo modo, faz parte integrante dele."
 
·     O que o envoltório fluídico, que é o perispírito, intermedeia para a alma?

Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos - 1864 > Março > Médium pintor cego
“O princípio inteligente [alma, espírito] escapa completamente à nossa análise. Só o conhecemos por suas manifestações, que se dão com o auxílio do perispírito. É pelo perispírito que a alma age, percebe e transmite”.

Vamos explorar a frase grifada acima.

"O fluido perispirítico constitui, pois, o traço de união entre o Espírito e a matéria. Enquanto aquele se acha unido ao corpo, serve-­lhe ele de veículo ao pensamento, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam no Espírito as sensações que os agentes exteriores produzam."

Ou ainda:

O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores > Segunda parte - Das manifestações espíritas > Capítulo I - Da ação dos Espíritos sobre a matéria
"Esse segundo invólucro da alma, ou perispírito, existe, pois, durante a vida corpórea; é o intermediário de todas as sensações que o Espírito percebe e pelo qual transmite sua vontade ao exterior e atua sobre os órgãos do corpo. Para nos servirmos de uma comparação material, diremos que é o fio elétrico condutor, que serve para a recepção e a transmissão do pensamento."

E mais:

"O perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos."

Percebemos, nas sentenças acima, a fundamental importância que o perispírito representa para alma, pois esta não podendo interagir diretamente com a matéria, é através do perispírito que a alma percebe as sensações sentidas pelo corpo físico e percebe as coisas do mundo espiritual. Por outro lado, é através do perispírito que a alma transmite seu pensamento ao corpo físico, comandando-o.

·     Como o perispírito possibilita a alma a atuar sobre o organismo, ou corpo físico e sobre a matéria tangível, já que ele é constituído de matéria etérea?

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > A Gênese > Capítulo XI - Gênese espiritual > Encarnação dos Espíritos > 17
“É semimaterial esse envoltório, isto é, pertence à matéria pela sua origem* e à espiritualidade pela sua natureza etérea”.

*Conforme estudo sobre fluidos no livro A Gênese – capítulo XIV, de Allan Kardec, a origem de toda a matéria existente no universo é o Fluido Cósmico Universal, que é como a matéria prima para tudo que é material no Universo (ou fluídico ou ponderável). Assim, tanto o corpo físico quanto o perispírito são oriundos desse Fluido, estando em estados diferentes da matéria. (O leitor pode estudar sobre Fluido Cósmico Universal no cap. VI de A Gênese, item 10 e em O Livro dos Espíritos q, 27)

 ·     A importância do perispírito se limita a ser o instrumento de transmissão do pensamento da alma e das sensações sentidas pelo corpo físico?

·     Não!

 Nas obras fundamentais de Allan Kardec, encontramos muitas outras utilidades que o perispírito têm para a alma. Faremos apenas a citação delas, visto que são temas para outros textos. Vejamos:

1.   Transmitir seu pensamento (constante neste texto de estudos);
2.   Comandar o corpo físico (constante neste texto de estudos);
3.   Receber as sensações do corpo físico (constante neste texto de estudos);
4.   Favorecer as manifestações mediúnicas - físicas e inteligentes;
5.   Emancipar-se (liberta-se parcialmente do corpo pelo sono e outras formas de emancipação);
6.   Exercer suas percepções (visão, audição, olfato e sensibilidade aos fluidos ambientes);
7.   Ligar-se ao corpo no processo reencarnatório e desligar-se pela morte;
8.   Favorecer a ação magnética (curas, fluidificação da água, sonambulismo induzido, etc.);
9.   Identificar o Espírito (que é uma de suas propriedades)
10.    E outras!

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[1] Observação: Todos os grifos (sublinhados e negritos são nossos.


Ver este texto também em Roteiros de Estudos do IDEAK

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Obras utilizadas:

1.       O Livro dos Espíritos

2.       A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo

3.       O Livro dos Médiuns ou guia dos médiuns e dos evocadores

4.       Revista Espírita 1864

5.       O Espiritismo em sua mais simples expressão 
                       

Sugestões de Materiais Complementares

7 - Origem, Forma, Perispírito - O LIVRO DOS ESPÍRITOS - SEGUNDA PARTE – com Cosme Massi
https://www.kardecplay.net/pt/video/7-origem-forma-perispirito