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VISITAS ENTRE PESSOAS VIVAS DURANTE O SONO e TRANSMISSÃO OCULTA DO PENSAMENTO (Telepatia)

 

   Objetivos específicos:  

1.     Saber que as pessoas podem se visitar enquanto dormem;

2.     Entender os motivos que fazem as pessoas se encontrarem durante o sono;

3.     Saber que os pensamentos podem ser transmitidos enquanto estamos em vigília (telepatia).

                                                

Conteúdo:

Nas postagens sobre OS FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA – 1 e 2 abordamos sobre questões gerais a respeito dos sonhos.

Embora ainda sejam questões sobre os sonhos, Allan Kardec separou, didaticamente, os sonhos oriundos dos encontros que acontecem entre pessoas vivas, durante o sono do corpo.

A este estudo Kardec denominou de:


1. VISITAS ENTRE PESSOAS VIVAS DURANTE O SONO.

Kardec inicia esse estudo questionando sobre a possibilidade de nos encontramos com pessoas que conhecemos.

“414. Podem duas pessoas que se conhecem visitar-se durante o sono?
Sim, e muitos que julgam não se conhecerem costumam reunir-se e falar-se[1]. Podes ter, sem que o suspeites, amigos em outro país. É tão habitual o fato de irdes encontrar-vos, durante o sono, com amigos e parentes, com os que conheceis e com pessoas que vos podem ser úteis, que quase todas as noites fazeis essas visitas.

Notemos que os Espíritos responderam que é habitual irmos encontrar amigos e parentes durante o sono, pois já vimos que não é regra geral, visto que existem outras situações que a nossa alma experimenta quando dormimos.

Como sabemos que a maioria das vezes nos esquecemos dos sonhos, Kardec interroga:

“415. Que utilidade podem elas ter, se as olvidamos?
De ordinário, ao despertardes, guardais a intuição desse fato, do qual frequentemente se originam certas ideias que vos vêm espontaneamente, sem que possais explicar como vos acudiram. São ideias que adquiristes nessas confabulações.”

Será que podemos provocar o encontro com alguém, enquanto dormimos, mediante a nossa vontade de encontrar tal ou qual pessoa?

“416. Pode o homem, pela sua vontade, provocar as visitas espíritas? Pode, por exemplo, dizer, quando está para dormir: Quero esta noite encontrar-me em Espírito com fulano, quero falar-lhe para dizer isto?
O que se dá é o seguinte: adormecendo o homem, seu Espírito desperta e, muitas vezes, nada disposto se mostra a fazer o que o homem resolvera, porque a vida deste pouco interessa ao seu Espírito, uma vez desprendido da matéria. Isto com relação a homens já bastante elevados espiritualmente. Os outros passam de modo muito diverso a fase espiritual de sua existência terrena; entregam-se às suas paixões, ou se mantêm inativos. Pode, pois, suceder, tais sejam os motivos que a isso o induzem, que o Espírito vá visitar aqueles com quem deseja encontrar-se. Mas não constitui razão, para que semelhante coisa se verifique, o simples fato de ele o querer quando desperto.”

E Kardec amplia a questão anterior:

417. Podem Espíritos encarnados reunir-se em certo número e formar assembleias?
“Sem dúvida alguma. Os laços, antigos ou recentes, da amizade costumam reunir desse modo diversos Espíritos, que se sentem felizes de estar juntos.”

Comentário de Allan Kardec a esta questão:

“Pelo termo “antigos” se devem entender os laços de amizade contraídos em existências anteriores. Ao despertar, guardamos intuição das ideias que haurimos nesses colóquios, mas ficamos na ignorância da fonte donde promanaram.”

 Vejamos agora uma situação que acontece, não raro, em nossa humanidade:

“419. Que é o que dá causa a que uma ideia, a de uma descoberta, por exemplo, surja em muitos pontos ao mesmo tempo?
Já dissemos que durante o sono os Espíritos se comunicam entre si. Ora, quando se dá o despertar, o Espírito se lembra do que aprendeu e o homem julga ser isso um invento de sua autoria. Assim é que muitos podem simultaneamente descobrir a mesma coisa. Quando dizeis que uma ideia paira no ar, usais de uma figura mais exata do que supondes. Todos, sem o suspeitarem, contribuem para propagá-la.”

Comentário de Kardec a esta questão:

“Desse modo, o nosso próprio Espírito muitas vezes revela a outros Espíritos, sem que disso nos demos conta, o que constituía objeto de nossas preocupações no estado de vigília.”

Muito interessante essa informação. Podemos apreciá-la de forma mais exemplificada em um relato que Allan Kardec faz de um sonho que teve durante um período em que esteve enfermo.

Neste relato interessantíssimo, podemos nos remeter a algumas das situações de sonhos ate já postamos aqui, tais como sobre os sonhos incompreensíveis[2] e sobre as visões durante a sonolência do corpo[3].

Vejamos agora sobre o aspecto do encontro, em sonho, de pessoas que se ocupam do mesmo assunto enquanto estão em vigília, como também sobre a finalidade de Kardec ter sido para aí atraído. Ainda somos chamados a atenção sobre como a ciência perde em apenas considerar a matéria e negligenciar o Espírito e ainda sobre a importância de os homens fazerem descobertas, mediante seu próprio trabalho.

Vejamos o sonho de Kardec:

Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos - 1866 > Junho > Um sonho instrutivo
“Durante a última doença que tivemos durante o mês de abril de 1866, estávamos sob o império de uma sonolência e uma absorção quase contínuas; nesses momentos sonhávamos constantemente com coisas insignificantes, às quais não prestávamos a menor atenção. Mas na noite de 24 de abril, a visão ofereceu um caráter tão particular que ficamos vivamente chocado.

Num lugar que nenhuma lembrança trazia à nossa memória e que se parecia com uma rua, havia uma reunião de indivíduos que conversavam em grupo; entre eles, só alguns nos eram conhecidos em sonho, mas que não podíamos designar pelo nome. Observávamos essa multidão e procurávamos captar o assunto da conversa, quando de repente apareceu no canto de uma parede uma inscrição em letras pequenas, brilhantes como fogo, e que nos esforçávamos por decifrar. Ela estava assim concebida: Descobrimos que a borracha enrolada sob a roda faz uma légua em dez minutos, desde que a estrada...” Enquanto procurávamos o fim da frase, a inscrição apagou-se pouco a pouco e nós acordamos. Com receio de esquecer essas palavras singulares, apressamo-nos em transcrevê-las.

Qual podia ser o sentido dessa visão, que nada absolutamente em nossos pensamentos e preocupações podia ter provocado? Não nos ocupando de invenções nem de pesquisas industriais, isto não podia ser um reflexo de nossas ideias. Depois, que podia significar essa borracha que, enrolada sob uma roda, faz uma légua em dez minutos? Era a revelação de alguma nova propriedade dessa substância? Seria ela chamada a representar um papel na locomoção? Quereriam pôr-nos na via de uma descoberta? Mas então, por que dirigir-se a nós em vez de a homens especiais, com oportunidade de fazer os estudos e as experiências necessárias? Contudo, esse sonho era muito característico, muito especial, para ser posto entre os sonhos de fantasia; devia ter um objetivo. Qual? Foi o que tentamos descobrir inutilmente.

Durante o dia, tendo tido ocasião de consultar o Dr. Demeure sobre a nossa saúde, aproveitamos para lhe pedir que nos dissesse se esse sonho apresentava algo de sério. Eis o que ele respondeu:

“Os numerosos sonhos que vos assediarem nestes últimos dias são o resultado do próprio sofrimento que experimentais. Todas as vezes que há enfraquecimento do corpo, há tendência para o desprendimento do Espírito; mas quando o corpo sofre, o desprendimento não se opera de maneira regular e normal; o Espírito é incessantemente chamado ao seu posto; daí uma espécie de luta, de conflito entre as necessidades materiais e as tendências espirituais; daí, também, interrupções e misturas que confundem as imagens e as transformam em conjuntos bizarros e desprovidos de sentido. Mais do que se pensa, o caráter dos sonhos se liga à natureza da doença. É um estudo a fazer, e os médicos aí encontrarão muitas vezes diagnósticos preciosos, quando reconhecerem a ação independente do Espírito e o papel importante que ele representa na economia. Se o estado do corpo reage sobre o Espírito, por seu lado o estado do Espírito influi poderosamente sobre a saúde e, em certos casos, é tão útil agir sobre o Espírito quanto sobre o corpo. Ora, a natureza dos sonhos pode, muitas vezes, ser indício do estado do Espírito. Repito que é um estudo a fazer, até hoje negligenciado pela Ciência, que não vê em toda parte senão a ação da matéria e não leva em conta o elemento espiritual

(...) O que vistes no sonho que estou encarregado de explicar-vos não é uma dessas imagens fantásticas provocadas pela doença; é incontestavelmente uma manifestação, não de Espíritos desencarnados, mas de Espíritos encarnados. Sabeis que durante o sono podeis encontrar-vos com pessoas conhecidas ou desconhecidas, mortas ou vivas. Foi este último caso que ocorreu nessa circunstância. Os que vistes são encarnados que se ocupam separadamente, e na maioria sem se conhecerem, com invenções tendentes a aperfeiçoar os meios de locomoção, anulando, tanto quanto possível, o excesso de despesa causado pelo gasto de materiais hoje em uso. Uns pensaram na borracha, outros em outros materiais, mas o que há de particular é que quiseram chamar a vossa atenção, como assunto de estudo psicológico, sobre a reunião, num mesmo lugar, dos Espíritos de diversos homens perseguindo o mesmo objetivo. A descoberta não tem relação com o Espiritismo; é apenas o conciliábulo dos inventores que vos quiseram fazer ver, e a inscrição não tinha outro objetivo senão especificar, aos vossos olhos o objeto principal de sua preocupação, pois há alguns que procuram outras aplicações para a borracha. Ficai persuadido que isso ocorre muitas vezes, e que quando vários homens descobrem ao mesmo tempo uma nova lei ou um novo corpo, em diversos pontos do globo, seus Espíritos estudaram a questão em conjunto, durante o sono, e, ao despertar, cada um trabalhou por seu lado, colocando em prática o fruto de suas observações.

Notai bem que aí estão ideias de encarnados, e que nada prejulgam quanto ao mérito da descoberta. Pode ser que de todos esses cérebros em ebulição saia algo de útil, como é possível que apenas saiam quimeras. Não vos preciso dizer que seria inútil interrogar os Espíritos a respeito, pois sua missão, como dissestes em vossas obras, não é poupar ao homem o trabalho das pesquisas, trazendo-lhe invenções acabadas que seriam outras tantas causas para o encorajamento da preguiça e da ignorância. Nesse grande torneio da inteligência humana, cada um aí está por conta própria, e a vitória será do mais hábil, do mais perseverante, do mais corajoso.”

Após esses preciosos esclarecimentos do Espírito do médico, Kardec aproveita para fazer outras questões a respeito dos sonhos. Segue:

“Pergunta. ─ Que pensar das descobertas atribuídas ao acaso? Não há descobertas que não são fruto de nenhuma pesquisa?

Resposta. ─ Bem sabeis que não existe acaso; as coisas que vos parecem as mais fortuitas têm sua razão de ser, pois há que se contar com as inumeráveis inteligências ocultas que presidem a todas as partes do conjunto. Se é chegado o momento de uma descoberta, os elementos são postos à luz por essas mesmas inteligências. Vinte homens, cem homens passarão ao lado sem notá-la; um apenas nela fixará a atenção. O fato insignificante para a multidão é para ele um facho de luz. Encontrá-lo não era tudo; o essencial era saber pô-lo em ação. Não foi o acaso que o pôs sob os olhos, mas os bons Espíritos que lhe disseram: “Olha, observa e aproveita, se quiseres”. Depois, ele próprio, nos momentos de liberdade de seu Espírito, durante o sono do corpo[4], pode ser posto no caminho e, ao despertar, instintivamente, ele se dirige para o lugar onde deve encontrar a coisa que está chamado a fazer frutificar por sua inteligência.”

“Não. Não há acaso. Tudo é inteligente na Natureza.”

Além dos estudos que Kardec nos forneceu a respeito dos sonhos, ele ainda investiga sobre a transmissão dos pensamentos durante a vigília, ou seja, enquanto acordados. A esse estudo ele denominou de:

 

2. TRANSMISSÃO OCULTA DO PENSAMENTO (Telepatia)

Esse assunto nos remete ao que muitos se referem a TELEPATIA. Embora isto não aconteça durante o sono, mas sim quando estamos acordados, Allan Kardec explora o assunto para esclarecimento de todos. Vejamos:

420. Podem os Espíritos comunicar-se, estando completamente despertos os corpos?
“O Espírito não se acha encerrado no corpo como numa caixa; irradia por todos os lados. Segue-se que pode comunicar-se com outros Espíritos, mesmo em estado de vigília, se bem que mais dificilmente.

Trazemos a informação que o nosso pensamento se irradia em todas as direções, modificando os fluidos ambientes, dando-lhes qualidades, bem como determinando o tipo de companhia que atraímos, por afinidade de sentimentos, de moral e de gostos e interesses, tanto em estado errante (desencarnado) ou quando encarnados.

Kardec comenta na questão 614, de O Livro dos Espíritos:

"Os Espíritos simpáticos são os que se sentem atraídos para o nosso lado por afeições particulares e ainda por uma certa semelhança de gostos e de sentimentos, tanto para o bem como para o mal."

Compreender a simpatia entre os Espíritos é importante para entendermos como acontece a transmissão oculta de pensamentos. Assim os Espíritos esclarecem:

421. Como se explica que duas pessoas perfeitamente acordadas tenham instantaneamente a mesma ideia?
São dois Espíritos simpáticos que se comunicam e veem reciprocamente seus pensamentos respectivos, embora sem estarem adormecidos os corpos.”

Comentário de Kardec a esta questão:

“Há, entre os Espíritos que se encontram, uma comunicação de pensamento, que dá causa a que duas pessoas se vejam e compreendam, sem precisarem dos sinais ostensivos da linguagem. Poder-se-ia dizer que falam entre si a linguagem dos Espíritos.”

O entendimento dos fenômenos de emancipação da alma, enquanto estamos acordados ou dormindo, é fundamental para desmistificar os vários fenômenos espírituais, que só o Espiritismo esclarece, porque desvela a nossa natureza espiritual. Estudemos as obras de Allan Kardec para melhor nos conhecermos e entendemos a realidade da nossa existência.

 

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Ver este texto também em: Roteiros de Estudos do IDEAK


Obras utilizadas:

1.       O Livro dos Espíritos

2.       Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos

 

 

 

Sugestões de Materiais Complementares

https://www.kardecplay.net/pt/video/45-visitas-espiritas-entre-pessoas-vivas

https://www.kardecplay.net/pt/video/46-transmissao-oculta-do-pensamento




[1] Todos os grifos são nossos

[2] Os Sonhos - partes 1 e 2

[3] Idem

[4] Em emancipação da alma.