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OS SONHOS - 2ª parte

 Objetivos: 

1. Saber o que a alma faz durante o sono do corpo;

2. Distinguir os tipos de sonhos e o que os causam;

3. Perceber o fenômeno da emancipação durante a sonolência;

4. Entender sobre as imagens, inspirações e outras lembranças que temos durante o sono/sonolência.

           

Conteúdo:

No estudo sobre OS FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA – SONHOS – 1ª parte - colocamos a questão abaixo e desenvolvemos as frases 1 e 2.

402. Como podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono?

1.  "Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o Espírito mais faculdades do que no estado de vigília.

2.      Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro.

3.      Adquire maior potência e pode pôr-se em comunicação com outros Espíritos, quer neste mundo, quer noutro. *

4. Dizes frequentemente: Tive um sonho extravagante, um sonho horrível, mas absolutamente inverossímil. Enganas-te. É amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra ocasião.

* A resposta foi colocada nessa formatação para ser estudada didaticamente.

Continuamos o nosso estudo a partir da frase 3:

Frase 3: Sobre entrarmos em comunicação com outros Espíritos nesse e em outros mundos:

Continuando na questão 402 de O Livro dos Espíritos:

“Tiveram sonos inteligentes os Espíritos que, desencarnando, logo se desligam da matéria. Esses Espíritos, quando dormem, vão para junto dos seres que lhes são superiores. Com estes viajam, conversam e se instruem. Isto, pelo que concerne aos Espíritos elevados. Pelo que respeita ao grande número de homens que, morrendo, têm que passar longas horas na perturbação, esses vão, enquanto dormem, ou a mundos inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de gozos quiçá mais baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. Vão beber doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais funestas do que as que professam entre vós.”
“Graças ao sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos.

Por isso é que os Espíritos superiores assentem, sem grande repugnância, em encarnar entre vós. Quis Deus que, tendo de estar em contato com o vício, pudessem eles ir retemperar-se na fonte do bem, a fim de igualmente não falirem, quando se propõem a instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu, para que possam ir ter com seus amigos do céu; é o recreio depois do trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a libertação final, que os restituirá ao meio que lhes é próprio.”

 

Frase 4: Sobre os sonhos incompreensíveis, temos ainda na questão 402 de O Livro dos Espíritos:

“Dizes frequentemente: Tive um sonho extravagante, um sonho horrível, mas absolutamente inverossímil. Enganas-te. É amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra ocasião. Estando entorpecido o corpo, o Espírito trata de quebrar seus grilhões e de investigar no passado ou no futuro.”

Comentário de Kardec à questão 402 de O Livro dos Espíritos:

“As singulares imagens do que se passa ou se passou em mundos desconhecidos, entremeados de coisas do mundo atual, é que formam esses conjuntos estranhos e confusos, que nenhum sentido ou ligação parecem ter.
A incoerência dos sonhos ainda se explica pelas lacunas que apresenta a recordação incompleta do que nos apareceu quando sonhávamos. É como se a uma narração se truncassem frases ou trechos ao acaso. Reunidos depois, os fragmentos restantes nenhuma significação racional teria.”

Então os sonhos são sempre lembrança do que acontece com alma quando ela se emancipa?

“O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono. Notai, porém, que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais do que vistes, ou de tudo o que haveis visto, enquanto dormíeis. Vossos sonhos nem sempre refletem a ação da alma em liberdade; são, muitas vezes, apenas a lembrança da perturbação que experimenta à sua partida ou no seu regresso ao corpo, acrescida ao que fizestes ou do que vos preocupa quando em vigília. A não ser assim, como explicaríeis os sonhos absurdos, que tanto os sábios, quanto as mais humildes e simples criaturas têm? Acontece também que os maus Espíritos se aproveitam dos sonhos para atormentar as almas fracas e pusilânimes.”

Além das intuições que temos ao acordar, oriundas das boas ou más experiencias que passamos durante o sono do corpo, como os sonhos podem ainda interferir em nossa vida?

Ainda na questão 402 temos a resposta a esse questionamento:

“E o que gera a simpatia na Terra é o fato de sentir-se o homem, ao despertar, ligado pelo coração àqueles com quem acaba de passar oito ou nove horas de ventura ou de prazer. Também as antipatias invencíveis se explicam pelo fato de sentirmos em nosso íntimo que os entes com quem antipatizamos têm uma consciência diversa da nossa. Conhecemo-los sem nunca os termos visto com os olhos. É ainda o que explica a indiferença; há homens que não cuidam de conquistar novos amigos, por saberem que muitos têm que os amam e lhes querem. Numa palavra: o sono influi mais do que supondes na vossa vida.

Vejamos agora por que nem sempre lembramos dos sonhos:

“403. Porque não nos lembramos sempre dos sonhos?
“Naquilo que chamas sono, só há o repouso do corpo, visto que o Espírito está constantemente em atividade. Recobra, durante o sono, um pouco da sua liberdade e se corresponde com os que lhe são caros, quer neste mundo, quer em outros. Mas como é pesada e grosseira a matéria que o compõe, o corpo tem dificuldade em conservar as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais.”

Existe um texto muito interessante encontrado na Revista Espírita, de 1865, em que Kardec recebe informação de um médium em estado de sonambulismo. Kardec assim escreve:

“Entre os sonhos, uns há que têm um caráter de tal modo positivo que racionalmente não poderiam ser atribuídos a simples jogo da imaginação; tais são aqueles nos quais, ao despertar, adquire-se a prova da realidade do que se viu e em que absolutamente não se pensava. Os mais difíceis de explicar são os que nos apresentam imagens incoerentes, fantásticas, sem realidade aparente. Um estudo mais aprofundado do singular fenômeno das criações fluídicas sem dúvida pôr-nos-á no caminho.
Enquanto se espera, eis uma teoria que parece permitir um passo no assunto. Não a damos como absoluta, mas como fundada na lógica e podendo ser submetida a estudo.”

Allan Kardec nos faz conhecer essa teoria trazida por um médium. E assim ele continua o texto acima:

“Podemos, acrescenta ele (o médium), dividir os sonhos em três categorias caracterizadas pelo grau da lembrança que fica no estado de desprendimento no qual se acha o Espírito. São elas:

1.º ─ Os sonhos que são provocados pela ação da matéria e dos sentidos sobre o Espírito, isto é, aqueles em que o organismo representa um papel preponderante pela mais íntima união entre o corpo e o Espírito. A gente se lembra claramente e, por pouco desenvolvida que seja a memória, dele conserva uma impressão durável. 

2.º ─ Os sonhos que podem ser chamados mistos. Deles participam, ao mesmo tempo, a matéria e o Espírito. O desprendimento é mais completo. A gente se recorda, ao despertar, para esquecê-lo quase instantaneamente, a menos que uma particularidade venha despertar a lembrança. 

3.º ─ Os sonhos etéreos ou puramente espirituais. São produtos só do Espírito, que está desprendido da matéria, tanto quanto o pode estar na vida do corpo. A gente não se recorda, ou se resta uma vaga lembrança de que se sonhou, nenhuma circunstância poderia trazer à memória os incidentes do sono.”

No capítulo sobre a emancipação da alma, em O Livro dos Espíritos, Kardec também vai questionar sobre as interpretações que se dão dos sonhos:

“404. Que se deve pensar das significações atribuídas aos sonhos?
Os sonhos não são verdadeiros como o entendem os ledores de sorte, pois é absurdo crer-se que sonhar com tal coisa anuncia tal outra. São verdadeiros no sentido de que apresentam imagens que para o Espírito têm realidade, porém que, frequentemente, nenhuma relação guarda com o que se passa na vida corporal.”

Sobre os pressentimentos que não se confirmam:

405. Acontece com frequência verem-se em sonho coisas que parecem um pressentimento, mas que, afinal, não se confirma. A que se deve atribuir isto?
“Pode suceder que tais pressentimentos venham a se confirmar apenas na experiência do Espírito, e não na do corpo; isto é, o Espírito vê aquilo que deseja porque vai ao seu encontro. É preciso não esquecer que, durante o sono, a alma sempre está mais ou menos sob a influência da matéria e que, por conseguinte, nunca se liberta completamente de suas ideias terrenas, donde resulta que as preocupações do estado de vigília podem dar ao que se vê a aparência do que se deseja, ou do que se teme. A isto é que, em verdade, cabe chamar-se efeito da imaginação. Sempre que uma ideia nos preocupa fortemente, tudo o que vemos se nos mostra ligado a essa ideia.”

Podemos encontrar e saber o que outras pessoas fazem enquanto dormem?

406. Quando em sonho vemos pessoas vivas, muito nossas conhecidas, a praticarem atos de que absolutamente não cogitam, não é isso puro efeito de imaginação?
“De que absolutamente não cogitam, dizes. Que sabes a tal respeito? Os Espíritos dessas pessoas vêm visitar o teu como o teu os vai visitar, sem que saibas sempre aquilo em que eles pensam.”

Allan Kardec também pesquisa sobre o que acontece no estado que antecipa o sonho, ou estado de sonolência. Vejamos:

“407. É necessário o sono completo para a emancipação do Espírito?
Não; basta que os sentidos entrem em torpor para que o Espírito recobre a sua liberdade. Para se emancipar, ele se aproveita de todos os instantes de trégua que o corpo lhe concede. Desde que haja prostração das forças vitais, o Espírito se desprende, tornando-se tanto mais livre quanto mais fraco for o corpo.”

E Kardec faz o seguinte comentário à esta questão:

“Assim é que quando estamos apenas adormecidos, ou em simples modorra, frequentemente vemos imagens idênticas às que se apresentam nos sonhos.”

Kardec traz mais alguns questionamentos a respeito do que se passa conosco nos momentos de sonolência e também de sono, vejamos algumas dessas situações:

“408. Parece-nos algumas vezes ouvirmos em nós mesmos palavras pronunciadas distintamente e que nenhum nexo tem com o que nos preocupa. Qual a razão disso?
É fato: ouvis até mesmo frases inteiras, principalmente quando os sentidos começam a entorpecer-se. É, algumas vezes, fraco eco do que diz um Espírito que convosco se quer comunicar.”

E sobre as imagens que vemos:

409. Outras vezes, num estado que ainda não é bem o do adormecimento, estando com os olhos fechados, vemos imagens distintas, figuras cujas mínimas particularidades percebemos. Que há aí, efeito de visão ou de imaginação?
“Estando entorpecido o corpo, o Espírito trata de desprender-se. Transporta-se e vê. Se fosse completo o sono, já seria sonho.”

Sobre as ideias que temos como súbitas inspirações:

410. Dá-se também que, durante o sono, ou quando nos achamos apenas ligeiramente adormecidos, acodem-nos ideias que nos parecem excelentes e que se nos apagam da memória, apesar dos esforços que façamos para retê-las. Donde vêm essas ideias?
“Provêm da liberdade do Espírito que se emancipa e que, emancipado, goza de mais faculdades. Também são, frequentemente, conselhos que outros Espíritos dão.” 
 
410. a) – De que servem essas ideias e essesconselhos, se lhes perdemos a lembrança, não os podendo aproveitar?
“Algumas vezes essas ideias mais dizem respeito ao mundo dos Espíritos do que ao mundo corpóreo. Com mais frequência, porém, se o corpo as esquece, o Espírito as retém, e voltam no momento necessário, como uma inspiração súbita.”

Sobre o conhecimento do momento da morte:

411. Estando desprendido da matéria e atuando como Espírito, sabe o Espírito encarnado qual será a época de sua morte?
“Frequentemente acontece pressenti-la. Algumas vezes também sucede ter nítida consciência dessa época, o que dá lugar a que, em estado de vigília, tenha intuição do fato. Por isso é que algumas pessoas preveem com grande exatidão a data em que virão a morrer.”

E concluímos com a interessante questão sobre se nos cansamos quando dormimos:

412. Pode a atividade do Espírito durante o repouso ou sono corporal fatigar o corpo?
“Pode, pois que o Espírito se acha preso ao corpo qual balão cativo ao poste. Assim como as sacudiduras do balão abalam o poste, a atividade do Espírito reage sobre o corpo e pode fatigá-lo.”

Essas questões, tão bem elucidadas pelos Espíritos e comentadas por Allan Kardec, nos dão a verdadeira compreensão dos sonhos, desfazendo tantas superstições e misticismos a respeito, e comprovando, de forma lógica e inequívoca, que somos Espíritos encarnados, em constante contato com o mundo espiritual, nos ajudando em nossas experiências corporais para crescimento espiritual.

 

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Ver este texto também em: Roteiros de Estudos do IDEAK


Obras utilizadas:

1.       O Livro dos Espíritos

2.       Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos

 

 

 

Sugestões de Materiais Complementares

https://www.kardecplay.net/pt/video/44-o-sono-e-os-sonhos

 



ESPIRITISMO KARDECISTA?

Por que algumas pessoas se referem a “Espiritismo Kardecista”? 

O primeiro motivo está na razão de que algumas religiões também se autodenominam “Espiritismo”, e por isso, para diferenciar as crenças, a cultura popular acabou agregando o adjetivo “Kardecista”, palavra derivada de “Kardec”, para se referir ao Espiritismo escrito por Allan Kardec.

O segundo motivo é que algumas pessoas atribuem a Allan Kardec a autoria exclusiva do Espiritismo.

Quem está certo? Um, outro, ambos, ou nenhum dos dois?

Iniciemos a análise do primeiro motivo com a definição de Espiritismo nas próprias palavras de Allan Kardec:

“Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.”

Essa definição, quando bem compreendida, nos transporta ao imenso campo das questões da nossa existência e de todas as consequências que a isso nos conduz. Todas as leis que regem o Espírito, tudo sobre sua existência imortal, sobre todo o propósito de Deus ao nos criar e de tudo o que diz respeito à interação do mundo material e espiritual. É a maior e mais perfeita filosofia da humanidade. E verdadeira, porque é expressão do pensamento divino.

Porém, muitas pessoas entendem que o Espiritismo tem como único propósito estabelecer as manifestações dos Espíritos e o mundo material. Realmente esse é um dos seus princípios, o primeiro princípio estabelecido, o princípio que Deus se utilizou para revelar à humanidade Suas Verdades em forma de doutrina.

Sabemos assim que a Comunicação com os Espíritos é um dos fundamentais princípios do Espiritismo, o qual possibilitou que este fosse recebido, estudado, compreendido e revelado à humanidade. Também sabemos que os fenômenos de comunicação entre os Espíritos e os homens ocorreram em todas as épocas da humanidade e que esse fenômeno é uma lei da natureza. Então perguntamos: Se esse fenômeno de comunicação entre Espíritos e homens existe desde sempre, não é de direito que outras crenças, que também praticam a comunicação com os Espíritos, utilizem o termo “Espiritismo”?

Vejamos nas palavras de Allan Kardec, no primeiro parágrafo da Introdução da primeira obra da Doutrina Espírita, que é O Livro dos Espíritos, as definições que ele criou ao concretizar, através da escrita, todo o trabalho de observação, pesquisa, reflexão e conclusões desta doutrina:

"Para se designarem coisas novas são precisos termos novos. Assim o exige a clareza da linguagem, para evitar a confusão inerente à variedade de sentidos das mesmas palavras. (...) Quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, é espiritualista. Não se segue daí, porém, que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível. Em vez das palavras espiritual, espiritualismo, empregamos, para indicar a crença a que vimos de referir-nos, os termos espírita e espiritismo, que possuem o mesmo radical e que, por isso mesmo, apresentam a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando ao vocábulo “espiritualismo” a acepção que lhe é própria. Diremos, pois, que a doutrina espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se quiserem, os espiritistas.”

Percebamos que os termos “espírita”, “espiritismo”, “espíritas” e “espiritistas” foram usados e/ou criados por Allan Kardec.  Ele utilizou a palavra “Espiritismopara denominar a nova doutrina, portanto, nenhuma outra crença deveria utilizá-lo, mesmo que essa crença também possua o princípio da comunicação dos Espíritos.

O impedimento tem base no fato de  não ser a comunicação com os Espíritos o único princípio da Doutrina Espírita. Além deste, o Espiritismo possui outros princípios, como: Deus, Imortalidade da alma, Reencarnação, Pluralidade dos mundos habitados e a Evolução dos Espíritos, princípios estes que compõem os fundamentos da Doutrina Espírita.

Qualquer outra crença que abrace todos esses princípios se funde com o Espiritismo e nada a poderia impossibilitar de usar este nome, pois que a essência de ambas estaria alicerçada sobre as mesmas leis. Porém, usar o termo “Espiritismo” para denominar crenças que não possuem os mesmos princípios básicos é indevido e incorreto.

Se isso fosse obedecido, a Doutrina Espírita seria apenas “Espiritismo” e não Espiritismo Kardecista, pois não foi este o nome que lhe foi dado por Allan Kardec. Porém, a realidade é que o nome “Espiritismo” já está tão disseminado na denominação para algumas religiões, que muito difícil será que deixem de utilizá-lo. Contudo, cabe a nós, espíritas, tentar corrigir e explicar, sempre que possível, a indevida utilização, mesmo sendo cansativo, e, sobretudo, não chamar a Doutrina Espírita de “Espiritismo Kardecista”, pois este não é o seu nome.

Vejamos agora o segundo motivo que induz algumas pessoas a usarem o nome “Espiritismo Kardecista”.

É comum se ouvir em palestras públicas alguns expositores assim se expressarem: “a doutrina de Kardec”, “as obras de Kardec”, “Kardec disse”, “Kardec nos ensinou”, etc. E não poucas pessoas, leigas, ou que pouco estudaram a doutrina, imaginam que Kardec foi o autor absoluto das 23 obras por ele escritas. Por outro lado, sabemos também que muitos têm a ideia equivocada de que Kardec foi aquele erudito que ficou perguntando aos Espíritos e anotando as respostas.

Informamos que Kardec não foi autor absoluto e nem tampouco foi autor passivo do Espiritismo.

Vejamos o que o próprio Kardec nos diz sobre a sua participação na elaboração da Doutrina Espírita.

        A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > A Gênese > Capítulo I — Caráter da revelação espírita > 45

"O nosso papel pessoal, no grande movimento de ideias que se prepara pelo Espiritismo e que começa a operar-se, é o de um observador atento, que estuda os fatos para lhes descobrir a causa e tirar-lhes as consequências. Confrontamos todos os que nos têm sido possível reunir, comparamos e comentamos as instruções dadas pelos Espíritos em todos os pontos do globo e depois coordenamos metodicamente o conjunto; em suma, estudamos e demos ao público o fruto das nossas indagações, sem atribuirmos aos nossos trabalhos valor maior do que o de uma obra filosófica deduzida da observação e da experiência, sem nunca nos considerarmos chefe da doutrina, nem procurarmos impor as nossas ideias a quem quer que seja. Publicando-as, usamos de um direito comum e aqueles que as aceitaram o fizeram livremente. Se essas ideias acharam numerosas simpatias, é porque tiveram a vantagem de corresponder às aspirações de avultado número de criaturas, mas disso não colhemos vaidade alguma, dado que a sua origem não nos pertence. O nosso maior mérito é a perseverança e a dedicação à causa que abraçamos.”

Esse é o sábio, humilde e muito admirado Allan Kardec! Um Espírito superior encarnado em missão no nosso planeta para receber esse vasto e grandioso material trazido pelos Espíritos, para organizar, investigar, completar e elaborar as valiosas obras fundamentais da Doutrina Espírita.   

Allan Kardec realizou com perfeição seu trabalho de missionário. Um trabalho que ele desenvolveu ininterruptamente, durante 14 anos, nos quais algumas vezes comprometera a saúde com tanto trabalho. Dormia pouco, trabalhava muito. Sua fé raciocinada, baseada no conhecimento e na lógica encantadora das leis que regem o Espírito, e a alegria que o Espiritismo imprimiu em sua alma, o impulsionara a jamais negligenciar a tarefa e jamais se abater com críticas e detratores. Trabalhara até seu último momento de vida.

A missão de Allan Kardec não poderia ser confiada a nenhum Espírito de ordem menos elevada. Kardec é um Espírito tão superior, que tinha o próprio Espírito de Verdade como seu guia espiritual, como Este mesmo anunciara.

O Espiritismo veio através de Espíritos superiores, enviados por Deus, mas foi o trabalho de Kardec que possibilitou a perfeição da obra.

Assim, sabedores do trabalho que lhe coube, não podemos nos referir a “Espiritismo Kardecista”, para inferir a Kardec a sua total autoria, pois isso não é correto. O Espiritismo é a revelação divina trazida pelos Espíritos cujo trabalho o homem concretizou.

O que podemos é honrar o Espiritismo, essa doutrina divina, agradecendo a Deus e a todos que a tornaram possível, estudando-a, compreendendo-a e, principalmente, praticando-a, sem esquecer jamais da grandeza que a palavra “Espiritismo” encerra. Empreguemo-la corretamente, com respeito e gratidão em nossos corações.

HOMENAGEM A ALLAN KARDEC

Allan Kardec - o autor encarnado do Espiritismo

O autor encarnado do Espiritismo


Nascido em 03 de outubro de 1804 e registrado em certidão de nascimento como Hippolyte Léon Denizard Rivail, adotou o pseudônimo Allan Kardec aos 52 anos, quando publicou a 1ª edição de O Livro dos Espíritos, em Paris, França.

Homem de grande inteligência e sensatez, aplicou todos os seus dotes intelectuais na investigação e pesquisa dos fenômenos mediúnicos que sobejaram o planeta por ocasião do meado do século XIX.

Encarnado para a grande missão de concretizar em livros a divina Revelação dos Espíritos, que relembraria os ensinamentos de Jesus, bem como esclareceria outros que atravessaram os séculos sem o devido entendimento das leis que regem o Espírito e sua vida imortal.

A vida de Hippolyte Léon Denizard Rivail é uma prova viva da preparação que deveria ter para se tornar Allan Kardec, o missionário divino que escreveria a mais completa, mais lógica e grandiosa filosofia da nossa humanidade.

A lei do esquecimento do passado, que atua providencialmente nos encarnados, evidentemente o manteve ignorante da missão enquanto desperto, em vigília. Contudo, muito certo é que deve ter sido conduzido, intuitivamente, pelo compromisso assumido enquanto Espírito antes de reencarnar, tão certo quanto a assistência constante, eficiente e amorosa do seu anjo guardião e de outros amigos espirituais.

Assim preparado, fez contato, observou, investigou, pesquisou e concretizou, com sua escrita irrepreensível, tudo o que apreendeu dos muitos Espíritos que participaram dessa obra divina.

Alguns biógrafos nos presenteiam com informações e detalhes da vida desse nobre homem: Henri Sausse, Marcel Souto Maior, Zêus Vantuil e Francisco Thiesen são alguns que sentiram a honra e o prazer de escrever sobre Allan Kardec. É relevante que todo espírita leia sobre sua vida para ter ideia da sua importância para o advento do Espiritismo.

Contudo, é lendo as 23 obras que Allan Kardec escreveu que podemos perceber o quão elevado era seu Espírito. A sua linguagem precisa e lógica, isenta de prolixidade e misticismos, nos possibilita a compreensão do verdadeiro Espiritismo, com base no ensino universal dos Espíritos. Nada em suas obras ficou sem ser investigado e atestado mediante a mais rigorosa lógica e razão, e nenhuma teoria foi escrita que não tivesse sido exaustivamente questionada e todas as questões solucionadas.

Dentre as suas 23 valiosas obras encontramos os livros intitulados Revista Espírita. A Revista Espírita foi publicada mensalmente por Kardec de janeiro de 1858 a abril de 1869, cujos fascículos mensais foram agrupados por ano de publicação, pelas editoras brasileiras, formando assim 12 volumes com as mais variadas informações sobre a construção da Doutrina Espírita, como diálogos com os Espíritos, notícias temporais sobre fatos que podiam ser esclarecidos à luz dos princípios doutrinários, criticas de pessoas que se manifestavam contra o Espiritismo e as sábias e respeitosas respostas de Kardec. Encontramos também diversas dissertações de Espíritos elevados, bem como as excelentes explicações de Kardec às dúvidas que chegavam até ele via cartas. E muitos outros assuntos com relevância na construção das obras fundamentais espíritas.

As Revistas Espíritas também fornecem material precioso que nos faz perceber o quão nobre e encantador era o caráter do missionário Allan Kardec. Vamos perceber o quanto ele era respeitado e estimado pelos companheiros, pelos leitores e estudiosos e principalmente pelos próprios Espíritos superiores que participavam desse projeto divino. O tratamento comum que davam a ele era de “mestre”, num reconhecimento ao seu saber e liderança. Até mesmo nos emocionando com algumas declarações de reconhecimento da sua superioridade espiritual por alguns Espíritos elevados, companheiros na missão[1]. Ou ainda pela declaração do próprio Espírito de Verdade[2], no livro Obras Póstumas, ao anunciar que estava como seu protetor espiritual para o orientar na construção de tão preciosa doutrina. Por tudo isso concluímos que Allan Kardec era um Espírito superior, escolhido para realização de tão grandiosa missão.

O homem Allan Kardec foi a encarnação de um Espírito superior que realizou sua missão com todo zelo e perfeição. Supor que Kardec poderia ter falhado é tão desnecessário quanto improdutivo, pois sequer supõem tal opção aqueles que o leem e o compreendem.

Leiamos as obras fundamentais escritas por Allan Kardec. No portal www.kardecpedia.com encontramos todas as 23 obras para leitura e pesquisa.

Viva a Allan Kardec!

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Obs: O Livro Obras Póstumas contém escritos de Kardec que ele nunca publicara. Os participantes remanescentes da Sociedade pariense de estudos espíritas, publicaram estes escritos 22 anos após sua morte.

[1]Um Espírito encarnado foi escolhido para vos dirigir, para vos conduzir. Submetei-vos com respeito, não às suas leis, pois ele não dá ordens, mas aos seus desejos.” – Santo Agostinho. https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/896/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1862/5247/agosto/sociedade-espirita-de-constantina

[2] “No dia seguinte, como houvesse sessão em casa do Sr. Baudin, narrei o fato e pedi que mo explicassem.

Pergunta — Ouvistes, sem dúvida, o relato que acabo de fazer; poderíeis dizer-me qual a causa daquelas pancadas que se fizeram ouvir com tanta persistência?
Resposta — Era o teu Espírito familiar.
P. — Com que fim foi ele bater daquele modo?
R. — Queria comunicar-se contigo.
P. — Poderíeis dizer-me quem é ele?
R. — Podes perguntar-lhe a ele mesmo, pois que está aqui.

NOTA — Nessa época, ainda se não fazia distinção nenhuma entre as diversas categorias de Espíritos simpáticos. Dava-se a todos a denominação de Espíritos familiares.
P. — Meu Espírito familiar, quem quer que tu sejas, agradeço-te o me teres vindo visitar. Consentirás em dizer-me quem és?
R. — Para ti, chamar-me-ei A Verdade e todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei à tua disposição.
P. — O nome Verdade, que adotaste, constitui uma alusão à verdade que eu procuro?
R. — Talvez; pelo menos, é um guia que te protegerá e ajudará.

“Caro Mestre... Ao te escolherem, os Espíritos conheciam a solidez das tuas convicções e sabiam que a tua fé, qual muro de aço, resistiria a todos os ataques.” – Erasto. – Obras póstumas = 2ª parte - A minha primeira iniciação no Espiritismo.

“E vós, caro mestre, que Deus abençoe os vossos trabalhos.” – São Luís - https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/900/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1866/5931/marco/mediunidade-mental

NOTA de KARDEC — A proteção desse Espírito, cuja superioridade eu então estava longe de imaginar, jamais, de fato, me faltou. A sua solicitude e a dos bons Espíritos que agiam sob suas ordens, se manifestou em todas as circunstâncias da minha vida, quer a me remover dificuldades materiais, quer a me facilitar a execução dos meus trabalhos, quer, enfim, a me preservar dos efeitos da malignidade dos meus antagonistas, que foram sempre reduzidos à impotência. Se as tribulações inerentes à missão que me cumpria desempenhar não me puderam ser evitadas, foram sempre suavizadas e largamente compensadas por muitas satisfações morais gratíssimas.