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LETARGIA, CATALEPSIA E MORTES APARENTES (COMA e EQM- experiência de quase morte)

 Objetivos:

1.     Entender a letargia e a catalepsia sob o ponto de vista espiritual;

2.     Distinguir as diferenças entre letargia e catalepsia;

3.     Compreender o que acontece com o corpo e com o Espírito nos estados de letargia e catalepsia;

4.     Entender como o magnetismo pode impedir as mortes aparentes.

 

Conteúdo:

Para o estudo presente é importante lembrar que o perispírito está totalmente ligado ao corpo desde o momento em que nascemos e só se desliga quando morremos. Sobre essas afirmações trazemos o esclarecimento de Allan Kardec:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > A Gênese > Capítulo XI - Gênese espiritual > Encarnação dos Espíritos > 18
“18. Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vito-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde o poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.

Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em consequência da desorganização do corpo[1]. Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito.”

O Espiritismo nos esclarece também que, durante a encarnação, a alma se emancipa (se liberta parcialmente) em qualquer oportunidade que o corpo físico possibilite, quando se encontra em repouso e o não uso dos sentidos físicos. Assim Allan Kardec escreve:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV - Os fluidos > II. Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais > Vista espiritual ou psíquica. Dupla vista. Sonambulismo. Sonhos > 23
“23. Embora, durante a vida, o Espírito se encontre preso ao corpo pelo perispírito, não se lhe acha tão escravizado, que não possa alongar a cadeia que o prende e transportar-se a um ponto distante, quer sobre a Terra, quer do espaço. (...) Ele, por conseguinte, se sente feliz em deixar o corpo, como o pássaro em se encontrar fora da gaiola, pelo que aproveita todas as ocasiões que se lhe oferecem para dela se escapar, de todos os instantes em que a sua presença não é necessária à vida de relação. (...) De todas as vezes que o corpo repousa, que os sentidos ficam inativos, o Espírito se desprende. Nesses momentos ele vive da vida espiritual, enquanto o corpo vive apenas da vida vegetativa; acha-se, em parte, no estado em que se achará após a morte: percorre o espaço, confabula com os amigos e outros Espíritos, livres ou encarnados também.”

Allan Kardec analisou os estados em que a alma se emancipa enquanto o corpo permanece com os sentidos inativos. Além do sono, Kardec listou outras formas de emancipação da alma, tal como: catalepsia, letargia, sonambulismo, dupla vista e êxtase.

Neste texto vamos estudar sobre a emancipação da alma pela catalepsia[2] e pela letargia[3], que podem dar aspectos de morte aparente.

Os Espíritos explicaram esses estados de emancipação da alma:

O Livro dos Espíritos > Parte segunda — Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VIII - Da emancipação da alma > Letargia, catalepsia, mortes aparentes. > 424
“A letargia e a catalepsia derivam do mesmo princípio, que é a perda temporária da sensibilidade e do movimento, por uma causa fisiológica ainda não explicada”[4].

Os Espíritos continuam a resposta acima, informando as diferenças entre Letargia e Catalepsia:

“Diferem uma da outra em que, na letargia, a suspensão das forças vitais é geral e dá ao corpo todas as aparências da morte; na catalepsia, fica localizada, podendo atingir uma parte mais ou menos extensa do corpo, de sorte a permitir que a inteligência se manifeste livremente, o que a torna inconfundível com a morte.”

A letargia é sempre natural; a catalepsia é por vezes espontânea, mas pode ser provocada e anulada artificialmente pela ação magnética.”

Com mais detalhes os Espíritos explicam sobre a letargia:

Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos - 1866 > Maio > Uma ressurreição
“A letargia é uma suspensão acidental da sensibilidade nervosa e do movimento que apresenta o aspecto da morte, mas que não é a morte, pois não há decomposição, e os letárgicos vivem muitos anos após o seu despertar. A vitalidade, por ser latente[5], não deixa de estar na plenitude da sua força, e a alma não está mais destacada do corpo do que no sono ordinário.”

Ou seja, a vitalidade, originada pelo princípio vital, se conserva no corpo, porém não está ativa nos órgãos o suficiente para lhes dar movimento.

Vejamos o que se dá com a alma em estados de letargia e catalepsia:

O Livro dos Espíritos > Parte segunda — Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VIII - Da emancipação da alma > Letargia, catalepsia, mortes aparentes. > 422
“422. Os letárgicos e os catalépticos, em geral, veem e ouvem o que se passa em derredor, sem que possam exprimir que estão vendo e ouvindo. É pelos olhos e pelos ouvidos que têm essas percepções?

Não; pelo Espírito. O Espírito tem consciência de si, mas não pode comunicar-se.”

Após a resposta acima, Kardec questiona o motivo pelo qual o Espírito não pode se comunicar:

O Livro dos Espíritos > Parte segunda — Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VIII - Da emancipação da alma > Letargia, catalepsia, mortes aparentes. > 422 > 422-a
“a) Por quê?

Porque a isso se opõe o estado do corpo. Esse estado especial dos órgãos* vos prova que no homem há alguma coisa mais do que o corpo, pois que, então, o corpo já não funciona e, no entanto, o Espírito continua ativo.”

* “Estado especial dos órgãos” se refere ao da impossibilidade de os órgãos se manifestarem de forma normal, devido à latência da vitalidade.

A letargia pode ocasionar a morte?

O Livro dos Espíritos > Parte segunda — Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VIII - Da emancipação da alma > Letargia, catalepsia, mortes aparentes. > 423
“423. Na letargia, pode o Espírito separar-se inteiramente do corpo, de modo a imprimir-lhe todas as aparências da morte e voltar depois a habitá-lo?

Na letargia, o corpo não está morto, porquanto há funções que continuam a executar-se. Sua vitalidade se encontra em estado latente, como na crisálida, porém não aniquilada. Ora, enquanto o corpo vive, o Espírito se lhe acha ligado. Em se rompendo, por efeito da morte real e pela desagregação dos órgãos, os laços que prendem um ao outro, integral se torna a separação e o Espírito não volta mais ao seu envoltório. Quando um homem aparentemente morto volve à vida, é que não era completa a morte.”

Na resposta acima fica claro que o Espírito só abandona o corpo quando os laços, que unem Espírito e corpo (que é o próprio perispírito), se rompem integralmente, de forma definitiva.

Sabendo que pode causar a morte real do corpo, Kardec pergunta o que se pode fazer para que o corpo saia do estado de letargia. Vejamos:

O Livro dos Espíritos > Parte segunda — Do mundo espírita ou mundo dos Espíritos > Capítulo VIII - Da emancipação da alma > Letargia, catalepsia, mortes aparentes. > 424
“424. Por meio de cuidados dispensados a tempo, podem reatar-se laços prestes a se desfazerem, restituindo-se à vida um ser que definitivamente morreria se não fosse socorrido?

Sem dúvida e todos os dias tendes a prova disso. O magnetismo, em tais casos, constitui, muitas vezes, poderoso meio de ação, porque restitui ao corpo o fluido vital que lhe falta para manter o funcionamento dos órgãos.”

Vejamos agora a explicação de Kardec nos possibilitando entender como ocorrem os fenômenos da letargia e da catalepsia, no estudo feito sobre as ressurreições, na obra A Gênese:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XIV - Os fluidos > II. Explicação de alguns fenômenos considerados sobrenaturais > Catalepsia. Ressurreições > 29
29. A matéria inerte é insensível; o fluido perispirítico igualmente o é, mas transmite a sensação ao centro sensitivo, que é o Espírito. As lesões dolorosas do corpo repercutem, pois, no Espírito, qual choque elétrico, por intermédio do fluido perispiritual, que parece ter nos nervos os seus fios condutores. É o influxo nervoso dos fisiologistas que, desconhecendo as relações desse fluido com o princípio espiritual, ainda não puderam achar explicação para todos os efeitos. A interrupção pode dar-se pela separação de um membro, ou pela secção de um nervo, mas, também, parcialmente ou de maneira geral e sem nenhuma lesão, nos momentos de emancipação, de grande sobre-excitação ou preocupação do Espírito.

E Kardec continua trazendo duas analogias que nos facilita a compreensão:

“Nesse estado, o Espírito não pensa no corpo e, em sua febril atividade, atrai a si, por assim dizer, (1) o fluido perispiritual que, retirando-se da superfície, produz aí uma insensibilidade momentânea. Poder-se-ia também admitir que, em certas circunstâncias, (2) no próprio fluido perispiritual uma modificação molecular se opera, que lhe tira temporariamente a propriedade de transmissão. É por isso que, muitas vezes, no ardor do combate, um militar não percebe que está ferido e que uma pessoa, cuja atenção se acha concentrada num trabalho, não ouve o ruído que se lhe faz em torno. Efeito análogo, porém, mais pronunciado, se verifica nalguns sonâmbulos, na letargia e na catalepsia. Finalmente, do mesmo modo também se pode explicar a insensibilidade dos convulsionários e de muitos mártires.”

Vejamos algumas passagens evangélicas trazendo o entendimento das curas que Jesus realizou ao doar seu fluido magnético, restituindo à vida algumas pessoas em estado letárgico, que foram dadas como mortas àquela época:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XV - Os milagres do Evangelho > Ressurreições > A filha de Jairo
“37. Tendo Jesus passado novamente, de barca, para a outra margem, logo que desembarcou, grande multidão se lhe apinhou ao derredor. Então, um chefe de sinagoga, chamado Jairo veio ao seu encontro e, ao aproximar-se dele, se lhe lançou aos pés, — a suplicar com grande instância, dizendo: Tenho uma filha que está no momento extremo; vem impor-lhe as mãos para a curar e lhe salvar a vida. Jesus foi com ele, acompanhado de grande multidão, que o comprimia. Quando Jairo ainda falava, vieram pessoas que lhe eram subordinadas e lhe disseram: Tua filha está morta; por que hás de dar ao Mestre o incômodo de ir mais longe? — Jesus, porém, ouvindo isso, disse ao chefe da sinagoga: Não te aflijas, crê apenas. — E a ninguém permitiu que o acompanhasse, senão a Pedro, Tiago e João, irmão de Tiago. Chegando à casa do chefe da sinagoga, viu ele uma aglomeração confusa de pessoas que choravam e soltavam grandes gritos. — Entrando, disse-lhes ele: Por que fazeis tanto alarido e por que chorais? Esta menina não está morta, está apenas adormecida. — Zombavam dele. Tendo feito que toda a gente saísse, chamou o pai e mãe da menina e os que tinham vindo em sua companhia e entrou no lugar onde a menina se achava deitada. — Tomou-lhe a mão e disse: Talitha cumi, isto é: Minha filha, levanta-te, eu te ordeno. — No mesmo instante a menina se levantou e se pôs a andar, pois contava doze anos, e ficaram todos maravilhados e espantados. (S. Marcos, 5:21 a 43.)”

Outra passagem:

A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo > Os milagres > Capítulo XV - Os milagres do Evangelho > Ressurreições > O filho da viúva de Naim
“38. No dia seguinte, dirigiu-se Jesus para uma cidade chamada Naim; acompanhavam-no seus discípulos e grande multidão de povo. — Quando estava perto da porta da cidade, aconteceu que levavam a sepultar um morto, que era filho único de sua mãe e essa mulher era viúva; estava com ela grande número de pessoas da cidade. — Tendo-a visto, o Senhor se tomou de compaixão para com ela e lhe disse: Não chores. — Depois, aproximando-se, tocou o esquife e os que o conduziam pararam.

Então, disse ele: Mancebo, levanta-te, eu o ordeno. — Imediatamente, o moço se sentou e começou a falar. E Jesus o restituiu à sua mãe. Todos os que estavam presentes ficaram tomados de espanto e glorificavam a Deus, dizendo: Um grande profeta surgiu entre nós e Deus visitou o seu povo. — O rumor desse milagre que ele fizera se espalhou por toda a Judéia e por todas as regiões circunvizinhas. (S. Lucas, 7:11 a 17.)”

Kardec faz um comentário a respeito dessas passagens:

“39. Contrário seria às leis da Natureza e, portanto, milagroso, o fato de voltar à vida corpórea um indivíduo que se achasse realmente morto. Ora, não há mister se recorra a essa ordem de fatos, para ter-se a explicação das ressurreições que Jesus operou.

Se, mesmo na atualidade, as aparências enganam por vezes os profissionais, quão mais frequentes não haviam de ser os acidentes daquela natureza, num país onde nenhuma precaução se tomava contra eles e onde o sepultamento era imediato. É, pois, de todo ponto provável que, nos dois casos acima, apenas síncope ou letargia houvesse. O próprio Jesus declara positivamente, com relação à filha de Jairo: Esta menina, disse ele, não está morta, está apenas adormecida. Dado o poder fluídico que ele possuía, nada de espantoso há em que esse fluido vivificante, acionado por uma vontade forte, haja reanimado os sentidos em torpor; que haja mesmo feito voltar ao corpo o Espírito, prestes a abandoná-lo, uma vez que o laço perispirítico ainda se não rompera definitivamente. Para os homens daquela época, que consideravam morto o indivíduo desde que deixara de respirar, havia ressurreição em casos tais; mas, o que na realidade havia era cura e não ressurreição, na acepção legítima do termo.”

E sobre a passagem evangélica muito famosa, denominada de Ressurreição de Lázaro.

“40. A ressurreição de Lázaro, digam o que disserem, de nenhum modo infirma este princípio. Ele estava, dizem, havia quatro dias no sepulcro; sabe-se, porém, que há letargias que duram oito dias e até mais. Acrescentam que já cheirava mal, o que é sinal de decomposição. Esta alegação também nada prova, dado que em certos indivíduos há decomposição parcial do corpo, mesmo antes da morte, havendo em tal caso cheiro de podridão. A morte só se verifica quando são atacados os órgãos essenciais à vida.[6] E quem podia saber que Lázaro já cheirava mal? Foi sua irmã Maria quem o disse. Mas, como o sabia ela? Por haver já quatro dias que Lázaro fora enterrado, ela o supunha; nenhuma certeza, entretanto, podia ter.”

Para ilustrar esse estudo, indicamos a leitura de alguns casos de letargia e catalepsia descritos nas Revistas Espíritas, como a Sra. Schwabenhaus, que passou algumas horas em morte aparente, o Sr. D., que ficou mais de uma hora afogado em lama, e de Luísa, uma jovem cataléptica.

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Ver este texto também em: Roteiros de Estudos do IDEAK

  

Obras utilizadas:

1.       A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo

2.       O Livro dos Espíritos

3.       Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos

 

Sugestões de Materiais Complementares

https://www.kardecplay.net/pt/video/47-letargia-catalepsia-mortes-aparentes




[1] Todos os grifos são nossos.

Definições conforme a ciência: Fonte: https://www.significados.com.br

[2] “Catalepsia é a ausência temporária dos movimentos e da postura que, relacionada a certos tipos de demência, pode ser caracterizada pela rigidez dos músculos, fazendo com que a pessoa permaneça na posição em que é colocada; observada na histeria, na hipnose, nas meningites, na uremia etc.”

[3] “Letargia é um estado de inconsciência, onde a pessoa aparenta estar em sono profundo e perde totalmente a capacidade de responder aos estímulos externos. A letargia também pode ser considerada uma psicopatologia, onde o indivíduo apresenta períodos variados de total inconsciência. Em alguns casos o indivíduo pode permanecer consciente de tudo o que se passa ao seu redor, mas encontrando-se totalmente impossibilitado de reagir aos estímulos externos. Neste caso, dá-se o nome de letargia lúcida e costuma ser provocada em pessoas que sofreram com um intenso estresse emocional, por exemplo.

Uma das principais causas que pode levar ao estado de letargia são as infecções graves que afetam alguns pontos do sistema nervoso.”

[4] Atualmente a medicina tem estudos mais detalhados sobre as causas da Letargia e Catalepsia. Em geral o termo letargia foi substituído pelo conceito de “coma” e por “experiência de quase-morte” (EQM), que se transformou em linha de pesquisa de médicos e parapsicólogos modernos.

[5] Que não se manifesta; que não está aparente; oculto. FONTE: https://www.dicio.com.br

[6] Atualmente existem exames e equipamentos que confirmam se existem ou não sinais vitais e atestam ou não o óbito, sem qualquer dúvida.

OS SONHOS - 2ª parte

 Objetivos: 

1. Saber o que a alma faz durante o sono do corpo;

2. Distinguir os tipos de sonhos e o que os causam;

3. Perceber o fenômeno da emancipação durante a sonolência;

4. Entender sobre as imagens, inspirações e outras lembranças que temos durante o sono/sonolência.

           

Conteúdo:

No estudo sobre OS FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA – SONHOS – 1ª parte - colocamos a questão abaixo e desenvolvemos as frases 1 e 2.

402. Como podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono?

1.  "Pelos sonhos. Quando o corpo repousa, acredita-o, tem o Espírito mais faculdades do que no estado de vigília.

2.      Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro.

3.      Adquire maior potência e pode pôr-se em comunicação com outros Espíritos, quer neste mundo, quer noutro. *

4. Dizes frequentemente: Tive um sonho extravagante, um sonho horrível, mas absolutamente inverossímil. Enganas-te. É amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra ocasião.

* A resposta foi colocada nessa formatação para ser estudada didaticamente.

Continuamos o nosso estudo a partir da frase 3:

Frase 3: Sobre entrarmos em comunicação com outros Espíritos nesse e em outros mundos:

Continuando na questão 402 de O Livro dos Espíritos:

“Tiveram sonos inteligentes os Espíritos que, desencarnando, logo se desligam da matéria. Esses Espíritos, quando dormem, vão para junto dos seres que lhes são superiores. Com estes viajam, conversam e se instruem. Isto, pelo que concerne aos Espíritos elevados. Pelo que respeita ao grande número de homens que, morrendo, têm que passar longas horas na perturbação, esses vão, enquanto dormem, ou a mundos inferiores à Terra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de gozos quiçá mais baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. Vão beber doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais funestas do que as que professam entre vós.”
“Graças ao sono, os Espíritos encarnados estão sempre em relação com o mundo dos Espíritos.

Por isso é que os Espíritos superiores assentem, sem grande repugnância, em encarnar entre vós. Quis Deus que, tendo de estar em contato com o vício, pudessem eles ir retemperar-se na fonte do bem, a fim de igualmente não falirem, quando se propõem a instruir os outros. O sono é a porta que Deus lhes abriu, para que possam ir ter com seus amigos do céu; é o recreio depois do trabalho, enquanto esperam a grande libertação, a libertação final, que os restituirá ao meio que lhes é próprio.”

 

Frase 4: Sobre os sonhos incompreensíveis, temos ainda na questão 402 de O Livro dos Espíritos:

“Dizes frequentemente: Tive um sonho extravagante, um sonho horrível, mas absolutamente inverossímil. Enganas-te. É amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra ocasião. Estando entorpecido o corpo, o Espírito trata de quebrar seus grilhões e de investigar no passado ou no futuro.”

Comentário de Kardec à questão 402 de O Livro dos Espíritos:

“As singulares imagens do que se passa ou se passou em mundos desconhecidos, entremeados de coisas do mundo atual, é que formam esses conjuntos estranhos e confusos, que nenhum sentido ou ligação parecem ter.
A incoerência dos sonhos ainda se explica pelas lacunas que apresenta a recordação incompleta do que nos apareceu quando sonhávamos. É como se a uma narração se truncassem frases ou trechos ao acaso. Reunidos depois, os fragmentos restantes nenhuma significação racional teria.”

Então os sonhos são sempre lembrança do que acontece com alma quando ela se emancipa?

“O sonho é a lembrança do que o Espírito viu durante o sono. Notai, porém, que nem sempre sonhais, porque nem sempre vos lembrais do que vistes, ou de tudo o que haveis visto, enquanto dormíeis. Vossos sonhos nem sempre refletem a ação da alma em liberdade; são, muitas vezes, apenas a lembrança da perturbação que experimenta à sua partida ou no seu regresso ao corpo, acrescida ao que fizestes ou do que vos preocupa quando em vigília. A não ser assim, como explicaríeis os sonhos absurdos, que tanto os sábios, quanto as mais humildes e simples criaturas têm? Acontece também que os maus Espíritos se aproveitam dos sonhos para atormentar as almas fracas e pusilânimes.”

Além das intuições que temos ao acordar, oriundas das boas ou más experiencias que passamos durante o sono do corpo, como os sonhos podem ainda interferir em nossa vida?

Ainda na questão 402 temos a resposta a esse questionamento:

“E o que gera a simpatia na Terra é o fato de sentir-se o homem, ao despertar, ligado pelo coração àqueles com quem acaba de passar oito ou nove horas de ventura ou de prazer. Também as antipatias invencíveis se explicam pelo fato de sentirmos em nosso íntimo que os entes com quem antipatizamos têm uma consciência diversa da nossa. Conhecemo-los sem nunca os termos visto com os olhos. É ainda o que explica a indiferença; há homens que não cuidam de conquistar novos amigos, por saberem que muitos têm que os amam e lhes querem. Numa palavra: o sono influi mais do que supondes na vossa vida.

Vejamos agora por que nem sempre lembramos dos sonhos:

“403. Porque não nos lembramos sempre dos sonhos?
“Naquilo que chamas sono, só há o repouso do corpo, visto que o Espírito está constantemente em atividade. Recobra, durante o sono, um pouco da sua liberdade e se corresponde com os que lhe são caros, quer neste mundo, quer em outros. Mas como é pesada e grosseira a matéria que o compõe, o corpo tem dificuldade em conservar as impressões que o Espírito recebeu, porque a este não chegaram por intermédio dos órgãos corporais.”

Existe um texto muito interessante encontrado na Revista Espírita, de 1865, em que Kardec recebe informação de um médium em estado de sonambulismo. Kardec assim escreve:

“Entre os sonhos, uns há que têm um caráter de tal modo positivo que racionalmente não poderiam ser atribuídos a simples jogo da imaginação; tais são aqueles nos quais, ao despertar, adquire-se a prova da realidade do que se viu e em que absolutamente não se pensava. Os mais difíceis de explicar são os que nos apresentam imagens incoerentes, fantásticas, sem realidade aparente. Um estudo mais aprofundado do singular fenômeno das criações fluídicas sem dúvida pôr-nos-á no caminho.
Enquanto se espera, eis uma teoria que parece permitir um passo no assunto. Não a damos como absoluta, mas como fundada na lógica e podendo ser submetida a estudo.”

Allan Kardec nos faz conhecer essa teoria trazida por um médium. E assim ele continua o texto acima:

“Podemos, acrescenta ele (o médium), dividir os sonhos em três categorias caracterizadas pelo grau da lembrança que fica no estado de desprendimento no qual se acha o Espírito. São elas:

1.º ─ Os sonhos que são provocados pela ação da matéria e dos sentidos sobre o Espírito, isto é, aqueles em que o organismo representa um papel preponderante pela mais íntima união entre o corpo e o Espírito. A gente se lembra claramente e, por pouco desenvolvida que seja a memória, dele conserva uma impressão durável. 

2.º ─ Os sonhos que podem ser chamados mistos. Deles participam, ao mesmo tempo, a matéria e o Espírito. O desprendimento é mais completo. A gente se recorda, ao despertar, para esquecê-lo quase instantaneamente, a menos que uma particularidade venha despertar a lembrança. 

3.º ─ Os sonhos etéreos ou puramente espirituais. São produtos só do Espírito, que está desprendido da matéria, tanto quanto o pode estar na vida do corpo. A gente não se recorda, ou se resta uma vaga lembrança de que se sonhou, nenhuma circunstância poderia trazer à memória os incidentes do sono.”

No capítulo sobre a emancipação da alma, em O Livro dos Espíritos, Kardec também vai questionar sobre as interpretações que se dão dos sonhos:

“404. Que se deve pensar das significações atribuídas aos sonhos?
Os sonhos não são verdadeiros como o entendem os ledores de sorte, pois é absurdo crer-se que sonhar com tal coisa anuncia tal outra. São verdadeiros no sentido de que apresentam imagens que para o Espírito têm realidade, porém que, frequentemente, nenhuma relação guarda com o que se passa na vida corporal.”

Sobre os pressentimentos que não se confirmam:

405. Acontece com frequência verem-se em sonho coisas que parecem um pressentimento, mas que, afinal, não se confirma. A que se deve atribuir isto?
“Pode suceder que tais pressentimentos venham a se confirmar apenas na experiência do Espírito, e não na do corpo; isto é, o Espírito vê aquilo que deseja porque vai ao seu encontro. É preciso não esquecer que, durante o sono, a alma sempre está mais ou menos sob a influência da matéria e que, por conseguinte, nunca se liberta completamente de suas ideias terrenas, donde resulta que as preocupações do estado de vigília podem dar ao que se vê a aparência do que se deseja, ou do que se teme. A isto é que, em verdade, cabe chamar-se efeito da imaginação. Sempre que uma ideia nos preocupa fortemente, tudo o que vemos se nos mostra ligado a essa ideia.”

Podemos encontrar e saber o que outras pessoas fazem enquanto dormem?

406. Quando em sonho vemos pessoas vivas, muito nossas conhecidas, a praticarem atos de que absolutamente não cogitam, não é isso puro efeito de imaginação?
“De que absolutamente não cogitam, dizes. Que sabes a tal respeito? Os Espíritos dessas pessoas vêm visitar o teu como o teu os vai visitar, sem que saibas sempre aquilo em que eles pensam.”

Allan Kardec também pesquisa sobre o que acontece no estado que antecipa o sonho, ou estado de sonolência. Vejamos:

“407. É necessário o sono completo para a emancipação do Espírito?
Não; basta que os sentidos entrem em torpor para que o Espírito recobre a sua liberdade. Para se emancipar, ele se aproveita de todos os instantes de trégua que o corpo lhe concede. Desde que haja prostração das forças vitais, o Espírito se desprende, tornando-se tanto mais livre quanto mais fraco for o corpo.”

E Kardec faz o seguinte comentário à esta questão:

“Assim é que quando estamos apenas adormecidos, ou em simples modorra, frequentemente vemos imagens idênticas às que se apresentam nos sonhos.”

Kardec traz mais alguns questionamentos a respeito do que se passa conosco nos momentos de sonolência e também de sono, vejamos algumas dessas situações:

“408. Parece-nos algumas vezes ouvirmos em nós mesmos palavras pronunciadas distintamente e que nenhum nexo tem com o que nos preocupa. Qual a razão disso?
É fato: ouvis até mesmo frases inteiras, principalmente quando os sentidos começam a entorpecer-se. É, algumas vezes, fraco eco do que diz um Espírito que convosco se quer comunicar.”

E sobre as imagens que vemos:

409. Outras vezes, num estado que ainda não é bem o do adormecimento, estando com os olhos fechados, vemos imagens distintas, figuras cujas mínimas particularidades percebemos. Que há aí, efeito de visão ou de imaginação?
“Estando entorpecido o corpo, o Espírito trata de desprender-se. Transporta-se e vê. Se fosse completo o sono, já seria sonho.”

Sobre as ideias que temos como súbitas inspirações:

410. Dá-se também que, durante o sono, ou quando nos achamos apenas ligeiramente adormecidos, acodem-nos ideias que nos parecem excelentes e que se nos apagam da memória, apesar dos esforços que façamos para retê-las. Donde vêm essas ideias?
“Provêm da liberdade do Espírito que se emancipa e que, emancipado, goza de mais faculdades. Também são, frequentemente, conselhos que outros Espíritos dão.” 
 
410. a) – De que servem essas ideias e essesconselhos, se lhes perdemos a lembrança, não os podendo aproveitar?
“Algumas vezes essas ideias mais dizem respeito ao mundo dos Espíritos do que ao mundo corpóreo. Com mais frequência, porém, se o corpo as esquece, o Espírito as retém, e voltam no momento necessário, como uma inspiração súbita.”

Sobre o conhecimento do momento da morte:

411. Estando desprendido da matéria e atuando como Espírito, sabe o Espírito encarnado qual será a época de sua morte?
“Frequentemente acontece pressenti-la. Algumas vezes também sucede ter nítida consciência dessa época, o que dá lugar a que, em estado de vigília, tenha intuição do fato. Por isso é que algumas pessoas preveem com grande exatidão a data em que virão a morrer.”

E concluímos com a interessante questão sobre se nos cansamos quando dormimos:

412. Pode a atividade do Espírito durante o repouso ou sono corporal fatigar o corpo?
“Pode, pois que o Espírito se acha preso ao corpo qual balão cativo ao poste. Assim como as sacudiduras do balão abalam o poste, a atividade do Espírito reage sobre o corpo e pode fatigá-lo.”

Essas questões, tão bem elucidadas pelos Espíritos e comentadas por Allan Kardec, nos dão a verdadeira compreensão dos sonhos, desfazendo tantas superstições e misticismos a respeito, e comprovando, de forma lógica e inequívoca, que somos Espíritos encarnados, em constante contato com o mundo espiritual, nos ajudando em nossas experiências corporais para crescimento espiritual.

 

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Ver este texto também em: Roteiros de Estudos do IDEAK


Obras utilizadas:

1.       O Livro dos Espíritos

2.       Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos

 

 

 

Sugestões de Materiais Complementares

https://www.kardecplay.net/pt/video/44-o-sono-e-os-sonhos

 



HOMENAGEM A ALLAN KARDEC

Allan Kardec - o autor encarnado do Espiritismo

O autor encarnado do Espiritismo


Nascido em 03 de outubro de 1804 e registrado em certidão de nascimento como Hippolyte Léon Denizard Rivail, adotou o pseudônimo Allan Kardec aos 52 anos, quando publicou a 1ª edição de O Livro dos Espíritos, em Paris, França.

Homem de grande inteligência e sensatez, aplicou todos os seus dotes intelectuais na investigação e pesquisa dos fenômenos mediúnicos que sobejaram o planeta por ocasião do meado do século XIX.

Encarnado para a grande missão de concretizar em livros a divina Revelação dos Espíritos, que relembraria os ensinamentos de Jesus, bem como esclareceria outros que atravessaram os séculos sem o devido entendimento das leis que regem o Espírito e sua vida imortal.

A vida de Hippolyte Léon Denizard Rivail é uma prova viva da preparação que deveria ter para se tornar Allan Kardec, o missionário divino que escreveria a mais completa, mais lógica e grandiosa filosofia da nossa humanidade.

A lei do esquecimento do passado, que atua providencialmente nos encarnados, evidentemente o manteve ignorante da missão enquanto desperto, em vigília. Contudo, muito certo é que deve ter sido conduzido, intuitivamente, pelo compromisso assumido enquanto Espírito antes de reencarnar, tão certo quanto a assistência constante, eficiente e amorosa do seu anjo guardião e de outros amigos espirituais.

Assim preparado, fez contato, observou, investigou, pesquisou e concretizou, com sua escrita irrepreensível, tudo o que apreendeu dos muitos Espíritos que participaram dessa obra divina.

Alguns biógrafos nos presenteiam com informações e detalhes da vida desse nobre homem: Henri Sausse, Marcel Souto Maior, Zêus Vantuil e Francisco Thiesen são alguns que sentiram a honra e o prazer de escrever sobre Allan Kardec. É relevante que todo espírita leia sobre sua vida para ter ideia da sua importância para o advento do Espiritismo.

Contudo, é lendo as 23 obras que Allan Kardec escreveu que podemos perceber o quão elevado era seu Espírito. A sua linguagem precisa e lógica, isenta de prolixidade e misticismos, nos possibilita a compreensão do verdadeiro Espiritismo, com base no ensino universal dos Espíritos. Nada em suas obras ficou sem ser investigado e atestado mediante a mais rigorosa lógica e razão, e nenhuma teoria foi escrita que não tivesse sido exaustivamente questionada e todas as questões solucionadas.

Dentre as suas 23 valiosas obras encontramos os livros intitulados Revista Espírita. A Revista Espírita foi publicada mensalmente por Kardec de janeiro de 1858 a abril de 1869, cujos fascículos mensais foram agrupados por ano de publicação, pelas editoras brasileiras, formando assim 12 volumes com as mais variadas informações sobre a construção da Doutrina Espírita, como diálogos com os Espíritos, notícias temporais sobre fatos que podiam ser esclarecidos à luz dos princípios doutrinários, criticas de pessoas que se manifestavam contra o Espiritismo e as sábias e respeitosas respostas de Kardec. Encontramos também diversas dissertações de Espíritos elevados, bem como as excelentes explicações de Kardec às dúvidas que chegavam até ele via cartas. E muitos outros assuntos com relevância na construção das obras fundamentais espíritas.

As Revistas Espíritas também fornecem material precioso que nos faz perceber o quão nobre e encantador era o caráter do missionário Allan Kardec. Vamos perceber o quanto ele era respeitado e estimado pelos companheiros, pelos leitores e estudiosos e principalmente pelos próprios Espíritos superiores que participavam desse projeto divino. O tratamento comum que davam a ele era de “mestre”, num reconhecimento ao seu saber e liderança. Até mesmo nos emocionando com algumas declarações de reconhecimento da sua superioridade espiritual por alguns Espíritos elevados, companheiros na missão[1]. Ou ainda pela declaração do próprio Espírito de Verdade[2], no livro Obras Póstumas, ao anunciar que estava como seu protetor espiritual para o orientar na construção de tão preciosa doutrina. Por tudo isso concluímos que Allan Kardec era um Espírito superior, escolhido para realização de tão grandiosa missão.

O homem Allan Kardec foi a encarnação de um Espírito superior que realizou sua missão com todo zelo e perfeição. Supor que Kardec poderia ter falhado é tão desnecessário quanto improdutivo, pois sequer supõem tal opção aqueles que o leem e o compreendem.

Leiamos as obras fundamentais escritas por Allan Kardec. No portal www.kardecpedia.com encontramos todas as 23 obras para leitura e pesquisa.

Viva a Allan Kardec!

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Obs: O Livro Obras Póstumas contém escritos de Kardec que ele nunca publicara. Os participantes remanescentes da Sociedade pariense de estudos espíritas, publicaram estes escritos 22 anos após sua morte.

[1]Um Espírito encarnado foi escolhido para vos dirigir, para vos conduzir. Submetei-vos com respeito, não às suas leis, pois ele não dá ordens, mas aos seus desejos.” – Santo Agostinho. https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/896/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1862/5247/agosto/sociedade-espirita-de-constantina

[2] “No dia seguinte, como houvesse sessão em casa do Sr. Baudin, narrei o fato e pedi que mo explicassem.

Pergunta — Ouvistes, sem dúvida, o relato que acabo de fazer; poderíeis dizer-me qual a causa daquelas pancadas que se fizeram ouvir com tanta persistência?
Resposta — Era o teu Espírito familiar.
P. — Com que fim foi ele bater daquele modo?
R. — Queria comunicar-se contigo.
P. — Poderíeis dizer-me quem é ele?
R. — Podes perguntar-lhe a ele mesmo, pois que está aqui.

NOTA — Nessa época, ainda se não fazia distinção nenhuma entre as diversas categorias de Espíritos simpáticos. Dava-se a todos a denominação de Espíritos familiares.
P. — Meu Espírito familiar, quem quer que tu sejas, agradeço-te o me teres vindo visitar. Consentirás em dizer-me quem és?
R. — Para ti, chamar-me-ei A Verdade e todos os meses, aqui, durante um quarto de hora, estarei à tua disposição.
P. — O nome Verdade, que adotaste, constitui uma alusão à verdade que eu procuro?
R. — Talvez; pelo menos, é um guia que te protegerá e ajudará.

“Caro Mestre... Ao te escolherem, os Espíritos conheciam a solidez das tuas convicções e sabiam que a tua fé, qual muro de aço, resistiria a todos os ataques.” – Erasto. – Obras póstumas = 2ª parte - A minha primeira iniciação no Espiritismo.

“E vós, caro mestre, que Deus abençoe os vossos trabalhos.” – São Luís - https://kardecpedia.com/roteiro-de-estudos/900/revista-espirita-jornal-de-estudos-psicologicos-1866/5931/marco/mediunidade-mental

NOTA de KARDEC — A proteção desse Espírito, cuja superioridade eu então estava longe de imaginar, jamais, de fato, me faltou. A sua solicitude e a dos bons Espíritos que agiam sob suas ordens, se manifestou em todas as circunstâncias da minha vida, quer a me remover dificuldades materiais, quer a me facilitar a execução dos meus trabalhos, quer, enfim, a me preservar dos efeitos da malignidade dos meus antagonistas, que foram sempre reduzidos à impotência. Se as tribulações inerentes à missão que me cumpria desempenhar não me puderam ser evitadas, foram sempre suavizadas e largamente compensadas por muitas satisfações morais gratíssimas.