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OS SONHOS - 1ª parte

 Objetivos deste texto:  

1. Conceituar Emancipação da alma;

2. Saber quais são as formas de a alma se emancipar;

3. Compreender o que são os sonhos;

4. Saber o que a alma faz durante o sono do corpo;

                                               

Conteúdo:

Desde sempre a humanidade se interessa e tenta interpretar os sonhos. Muitas são as teorias que a isso pretendem, mas nenhuma consegue explicar de forma satisfatória esse fenômeno.

Por esta razão os Espíritos assim dissertaram:

“Pobres homens, que mal conheceis os mais vulgares fenômenos da vida! Julgais-vos muito sábios e as coisas mais comezinhas vos confundem. Nada sabeis responder a estas perguntas que todas as crianças formulam: Que fazemos quando dormimos? Que são os sonhos?’

Allan Kardec faz uma análise do porquê ainda temos tanta incompreensão e misticismo a permear o fenômeno natural dos sonhos. Assim ele escreveu:

“É verdadeiramente estranho que um fenômeno tão vulgar quanto o dos sonhos tenha sido objeto de tanta indiferença por parte da Ciência, e que ainda estejamos a perguntar a causa dessas visões. Dizer que são produto da imaginação não é resolver a questão; é uma dessas palavras com o auxílio das quais querem explicar o que não compreendem, mas que nada explicam. Em todo caso, a imaginação é um produto do entendimento. Ora, como não se pode admitir entendimento nem imaginação na matéria bruta, é necessário crer que a alma entre nisso por algum motivo. Se os sonhos ainda são um mistério para a Ciência, é que ela se obstinou em fechar os olhos para a causa espiritual.
Procuram a alma nas dobras do cérebro, enquanto ela se ergue a cada instante à nossa frente, livre e independente, numa porção de fenômenos inexplicáveis só pelas leis da matéria, notadamente nos sonhos, no sonambulismo natural e artificial e na dupla vista à distância, não nos fenômenos raros, excepcionais, sutis, que exigem pacientes pesquisas do sábio e do filósofo, mas nos mais vulgares.
Mas há pessoas que parecem temer olhá-la de frente, e ter a prova de sua existência. Quanto aos que a procuram de boa-fé, até hoje lhes faltou a única chave que poderia tê-la desvelado. Essa chave o Espiritismo acaba de dar pela lei que rege as relações do mundo corporal com o mundo espiritual. Com a ajuda dessa lei e das observações sobre as quais se apoia, ele dá dos sonhos a mais lógica explicação jamais fornecida. Ele demonstra que o sonho, o sonambulismo, o êxtase, a dupla vista, o pressentimento, a intuição do futuro, a penetração do pensamento, não passam de variantes e graus de um mesmo princípio: a emancipação da alma, mais ou menos desprendida da matéria.”

Vejamos o que significa emancipação da alma:

“EMANCIPAÇÃO DA ALMA – estado particular da vida humana, durante o qual, desprendendo-se dos laços materiais, a alma recobra algumas de suas faculdades de Espírito, e entra mais facilmente em comunicação com os seres incorpóreos. Tal estado se manifesta principalmente pelo fenômeno dos sonhos, da sonolência, da dupla vista, do sonambulismo natural ou magnético e do êxtase.”

A Doutrina Espírita nos fornece respostas precisas, lógicas e absolutamente convincentes acerca do assunto. Neste texto desenvolvemos o estudo da emancipação da alma pelo fenômeno dos sonhos e também com a sonolência.
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec lista todas as formas de emancipação da alma, quais sejam:

1. O sono e os sonhos.

2. Visitas espíritas entre pessoas vivas.

3. Transmissão oculta do pensamento.

4. Letargia, catalepsia, mortes aparentes.

5. Sonambulismo.

6. Êxtase.

7. Segunda vista (ou dupla vista).

Vamos estudar todas essas formas em textos separados. Iniciemos com os sonhos. 


1. OS SONHOS (e sonolência).

Vejamos a definição de sono:

“SONO NATURAL – Suspensão momentânea da vida de relação. Entorpecimento dos sentidos durante o qual se interrompem as relações da alma com o mundo exterior por meio dos órgãos.”

 Na obra O que é o Espiritismo os Espíritos introduzem ao conceito de sono uma nova informação:

“136. Qual o estado da alma durante o sono?
No sono é só o corpo que repousa, mas o Espírito não dorme.”

Se o Espírito não dorme, o que acontece com o Espírito quando estamos dormindo?

“401. Durante o sono, a alma repousa como o corpo?
Não, o Espírito jamais está inativo. Durante o sono, afrouxam-se os laços que o prendem ao corpo e, não precisando este então da sua presença, ele se lança pelo espaço e entra em relação mais direta com os outros Espíritos.”

Allan Kardec investigou sobre a informação acima, no sentido de saber como se poderia comprová-la.

402. Como podemos julgar da liberdade do Espírito durante o sono?
Lembra-se do passado e algumas vezes prevê o futuro.
Adquire maior potência e pode pôr-se em comunicação com outros Espíritos, quer neste mundo, quer noutro. *

Dizes frequentemente: Tive um sonho extravagante, um sonho horrível, mas absolutamente inverossímil. Enganas-te. É amiúde uma recordação dos lugares e das coisas que viste ou que verás em outra existência ou em outra ocasião.

* A resposta foi colocada nessa formatação para ser estudada didaticamente.

Quantas informações importantes! Essa resposta nos abre uma série de reflexões, entendimentos e respostas para tantas questões!
Em relação à primeira frase da resposta acima, os Espíritos explicam sobre a manifestação das faculdades (percepções de ver, de ouvir, sentir e outras que desconhecemos) em relação ao Espírito estar ou não em liberdade. O estudioso que desejar se aprofundar mais no assunto sobre as percepções deve ler a questão 257 de O Livro dos Espíritos.
Contudo, para ilustrar o estudo, trazemos algumas respostas dadas por Espíritos a Allan Kardec, quando se manifestaram durante o sono, a respeito das percepções que têm neste estado de emancipação.

Vejamos o que os Espíritos nos informaram a respeito da frase 1:

- Sobre as faculdades durante o sono:

“24. ─ O estado em que agora vos encontrais é idêntico àquele em que estareis depois de morto?
─ Não. Terei certas percepções muito mais precisas. Não esqueçais que ainda estou ligado à matéria.”

Ou seja, mesmo sabendo que as percepções do Espírito são mais abrangentes durante o sono do que quando estamos acordados, ainda assim não são tão precisas como quando estamos desencarnados. Retornando ao diálogo:

“32. ─ Voltemos às vossas sensações e percepções. Por onde vedes?
─ Por todo o meu ser.

33. ─ Percebeis o som? Por onde?
─ É a mesma coisa, pois a percepção é transmitida ao Espírito encarnado pelos seus órgãos imperfeitos, e para vós deve ser claro que ele sinta, quando livre, numerosas percepções que não podeis compreender.

34. (Alguém toca uma sineta). ─ Ouvis o som perfeitamente?
─ Mais do que vós.

36. ─ Percebeis os odores?
─ Sem dúvida, da mesma maneira que ocorre com os outros sentidos.”

“OBSERVAÇÃO: Assim, poder-se-ia dizer que a matéria que envolve o Espírito é uma espécie de abafador, que amortece a acuidade da percepção. O Espírito desprendido, recebendo essa percepção sem intermediário, pode captar as nuanças que escapam àquele a quem chegam através de um meio mais denso que o perispírito. Compreende-se, então, que os Espíritos sofredores possam ter dores que, por não serem físicas, do nosso ponto de vista, são mais pungentes que as dores corporais, e que os Espíritos felizes tenham prazeres dos quais as nossas sensações não podem dar uma ideia.”

Temos também este outro diálogo sobre percepções durante o sono:

“26. ─ A luz vos afeta da mesma maneira? Tem o mesmo tom que vedes pelos olhos?
─ Absolutamente, porque os olhos me servem, de certo modo, como janelas do cérebro.
  
50. ─ Fazeis distinção entre a luz e a obscuridade?
─ Distinção sim, mas para mim a obscuridade não é como para vós. Nela vejo perfeitamente.

27. ─ Percebeis os sons com a mesma distinção?
─ Mais distintamente, pois percebo muitos que vos escapam.

49. ─ Percebeis os odores?
─ Também melhor do que vós.”

Continuamos com outra conversa muito instrutiva com uma pessoa durante o seu sono:

“Senhorita Indermuhle, surda-muda de nascença, 32 anos, vida.

14. ─ Ouvis o ruído que, batendo, produzo no momento?
─ Aqui não sou surda.

15. ─ Como vos dais conta, desde que, por comparação, não tendes lembrança do ruído em estado de vigília?
─ Eu não nasci ontem.

OBSERVAÇÃO: A lembrança da sensação do ruído lhe vem das existências em que não era surda. Esta resposta é perfeitamente lógica.”

Agora vamos desenvolver a resposta dos Espíritos à frase 2:

- Lembrança do passado e previsão do futuro:

2.1. Sobre lembrar do passado:

“Os sonhos são efeito da emancipação da alma, que mais independente se torna pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de clarividência indefinida que se alonga até aos mais afastados lugares e até mesmo a outros mundos. Daí também a lembrança que traz à memória acontecimentos da presente existência ou de existências anteriores.”

 2.2. Sobre prever o futuro:

“Os sonhos de pressentimento não passam de lembranças mais ou menos precisas do que se viu.”

“Os sonhos (...) podem algumas vezes ser um pressentimento do futuro, se Deus o permitir, ou a visão do que no momento ocorre em outro lugar a que a alma se transporta. Não se contam por muitos os casos de pessoas que em sonho aparecem a seus parentes e amigos, a fim de avisá-los do que a elas está acontecendo? Que são essas aparições senão as almas ou Espíritos de tais pessoas a se comunicarem com entes caros? Quando tendes certeza de que o que vistes realmente se deu, não fica provado que a imaginação nenhuma parte tomou na ocorrência, sobretudo se o que observastes não vos passava pela mente quando em vigília?”

“3. José, diz o Evangelho, foi avisado por um anjo, que lhe apareceu em sonho e que lhe aconselhou fugisse para o Egito com o Menino. (S. Mateus, 2:19 a 23.) Os avisos por meio de sonhos desempenham grande papel nos livros sagrados de todas as religiões. Sem garantir a exatidão de todos os fatos narrados e sem os discutir, o fenômeno em si mesmo nada tem de anormal, sabendo-se, como se sabe, que, durante o sono, é quando o Espírito, desprendido dos laços da matéria, entra momentaneamente na vida espiritual, onde se encontra com os que lhe são conhecidos. É com frequência essa a ocasião que os Espíritos protetores aproveitam para se manifestar a seus protegidos e lhes dar conselhos mais diretos. São numerosos os casos de avisos em sonho, porém, não se deve inferir daí que todos os sonhos são avisos, nem, ainda menos, que tem uma significação tudo o que se vê em sonho. Cumpre se inclua entre as crenças supersticiosas e absurdas a arte de interpretar os sonhos. (Cap. XIV, nos 27 e 28.)”

Continuaremos o estudo sobre os SONHOS no texto sobre OS FENÔMENOS DE EMANCIPAÇÃO DA ALMA – SONHO (2).

 

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Ver este texto também em: Roteiros de Estudos do IDEAK


Obras utilizadas:

1.       O Livro dos Espíritos

2.       Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos

3.       Instruções práticas sobre as manifestações espíritas

4.       O que é o Espiritismo?

5.       A Gênese, os milagres e as predições segundo o Espiritismo


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